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Dante Filho: três vezes PT em três momentos de ação

 

Deputados Vander Loubet, Zeca do PT e Camila Jara

Há anos venho me esforçando para compreender o PT de Mato Grosso do Sul. No plano nacional, tenho lá minhas conclusões, mas desisti de aceitar o manejo que o partido faz quando atua tanto no parlamento como no governo, não por contrariedade ou simples oposição, mas por completo enfado cultivado ao longo dos anos, vendo a repetição dos mesmos cacoetes e dos mesmos discursos, com estratégias e táticas que transitam entre o oportunismo e a hipocrisia. Cansei.

Embora isso seja comum em todos os partidos políticos, tanto faz o espectro político (direita, esquerda etc), meu conformismo bocejante às vezes é despertado quando vejo acontecimentos inusuais com figuras do PT de MS.

Outro dia vi a deputada Federal Camila Jara abraçada com o governador Eduardo Riedel enaltecendo o fato de que o bom diálogo mantido com entre ambos melhorou as condições do bandejão da Universidade estadual. 

Na notícia que li Jara santificativa a parceria com o Governo estadual (pelo menos foi assim que vi), mostrando como se faz política com P maiúsculo.

Ontem, numa postagem do deputado Zeca do PT (agora apelidado de "Zeca Urubu", não sei o motivo...) no facebook ele aparece aparteando um discurso crítico do deputado Pedro Kemp, no velho estilo demagogo do velho político, criticando Riedel por ter participado de uma reunião de governadores do Rio de Janeiro, logo após os acontecimentos que marcaram um dia de guerra de guerrilha nos morros cariocas;

Zeca cobrava os custos da viagem (me lembrou a turma de Bolsonaro cobrando as viagens de Janja) do governador ao Rio, revoltado com o fato de que Riedel ter escolhido um lado político diametralmente oposto ao do Governo Lula.

Bem, todos sabemos que numa democracia cada um faz sua leitura da realidade e toma as decisões que são mais apropriadas para o momento. Riedel já esteve ao lado do PT, mantém uma relação cordial com Lula, e nunca vi usando palavras fortes contra aqueles que tentam associá-lo a qualquer radicalismo ideológico, muito pelo contrário.

Creio que Zeca tem seus momentos de ator, mesmo que às vezes pareça um pouco canastrão, embora ponderação e equilíbrio às vezes faça parte de seu cardápio, quando, por exemplo, criticou algumas lideranças indígenas por invasão de terras no interior.

Ali Zeca deu sua guinada à direita, diferente de agora, quando o processo eleitoral se aproxima e torna-se necessário vestir o figurino mais à esquerda, mesmo porque há necessidade de separação do rebanho dos respectivos currais ideológicos do eleitorado. 

Zeca apenas está seguindo um roteiro óbvio, apenas esgarçando caras e bocas conforme as conveniências exigem.

Assim, entre a placidez de Jara e os chiliques de Zeca, vejo o deputado Vander Loubet dando satisfações ao público sobre a sua cirurgia de próstata e a boa nova de que a biópsia realizada não indicou sinais de tumor cancerígeno. 

Vander estava feliz da vida com o rabicó em dia, uma notícia neutra e desimportante porque nos tempos atuais a própria medicina (salvo em casos muito específicos) trata deste tema como algo comum em homens de certa idade.

Mesmo assim, ele e sua asessoria decidiram tratar o tema com a devida importância porque, afinal, próstata é assunto "institucional" e não pertence à vida íntima de cidadãos comuns. Não vou aprofundar este assunto porque a delicadeza do órgão envolvido transita no limite entre o respeito contrito e a piada grosseira.

Então, pra finalizar, vejo assim: entre o gesto de Jara, a boca grande de Zeca e o orifício anal de Vander passa todo o PT de Mato Grosso do Sul. 

O governador Riedel não devia ficar preocupado. Estes surtos espasmódicos do petismo ululante duram apenas o período eleitoral. Depois da contagem dos votos e anúncio dos vencedores eles se acomodam, uns com a raiva e o ressentimento de sempre, outros numa boquinha qualquer na máquina pública ou em leis de incentivo.

Assim é a vida. Assim é a nossa política.