Outro dia publiquei um artiguete dizendo-me cansado do mesmo palavreado vazio, que todos os dias nos jogam no abismo. Elenquei alguns deles. Leitores me enviam mensagens apontando palavras que esqueci e que estão dando no saco.

Sim, eu sei. O repertório é inesgotável. Vivemos a Era dos Chatos. Assista a uma palestra de um coaching que você verá um relicário de frases feitas que só servem para ludibriar os otários de sempre. 

O jornalista Paulo Francis sempre gostava de lembrar que no Brasil nasce um otário a cada segundo e, infelizmente, a realidade comprova.

Se você vai a uma universidade, entra numa redação, assiste a um filme, lê um livro da moda, ouve a moçadinha no instagram, a coleção de bobagens que ouvimos repetidamente dá para formar uma biblioteca macedônica. E assim seguimos, esperando o dia o juízo final que os ambientalistas prometem como se fosse uma espécie de tara sádica para a punição definitiva dos neoliberais.

Vamos lá.

Fascista - O filósofo Bertrand Russel, que era um aristocrata nascido no País de Gales, tem a melhor definição do termo, na minha opinião. Ele diz que o fascismo não é uma ideologia, mas mera manifestação de raiva. É bem provável que seja isso mesmo. Todo fescistóide é raivoso, desumanizado, bronco e estúpido. Para ele, as soluções para a vida e a sociedade são resolvidas na porrada. Não tem conversa. Ele faz milagres com porretes nas mãos.

Comunista - Ele é bem parecido com o fascista, mas é hipócrita. Ele veste uma capa de virtude, critica o capitalismo (mas não reclama dos benefícios que o capital lhe proporciona). Muitos são preguiçosos, gostam de passar tarefas para a militância para não sujar as mãos de merda, tendo decorado o manual do marxismo vulgar em torno da luta de classes, ditadura do proletariado, exploração da mão de obra dos trabalhadores, sempre demonstrando que todo mal emana dos Estados Unidos, do imperialismo, sonhando a utopia de uma sociedade livre e justa, desde que sob o comando dos Partido Comunista. Nunca deu certo, o que dispensa maiores explicações.

Protagonismo - Ultimamente tem sido muito usada em palestras e livros de autoajuda. "Você tem que ser o protagonista de sua própria história". Ou seja: individual ou coletivamente há que se assumir a linha de frente das grandes mudança. O feminismo adora essa palavra. Elas querem estar em lugares de poder, combatendo o macho tóxico, geralmente hetero e branco. Elas só não podem ver uma barata correndo pelo chão. No fundo, sabe-se que é uma grande picaretagem: ninguém é protagonista sem dinheiro no bolso e um revolver nas mãos. Essa é triste realidade. Mas tem gente que acredita que usando cuspe e palavras salvacionistas ganhará o mundo.

Crise Climática - Há milhões e milhões de anos, desde o momento em que o primeiro protozoário apareceu em planeta azul, vivemos em permanente "crise climática". Não sabemos direito ainda como funciona esse mecanismo. A ciência que inventamos para medir fenômenos naturais deve ter no máximo 5 mil anos. A tecnologia moderna que produz aparelhos sofisticados que podem gerar hipóteses plausíveis sobre as movimentações climáticas ( a climatologia é uma ciência de tempo longo) deve ter cerca de 100 anos. Então, qualquer afirmação nessa área tem muito de especulação. Na verdade, o planeta sempre viveu em permanente "crise climática". Ou esfria muito (era do gelo) ou esquenta muito como foi na época dos dinossauros. Enfim, o fato é que saímos lá fora e percebemos que está muito quente. Dizem que no ano passado a Terra esquentou 1,5 C. Mas os próprios cientistas explicam que para saber se esse é um fenômeno sem volta temos que esperar cerca de 20 ou 30 anos. Você tá com pressa? Os alarmistas sim.

Corrupção - Essa palavra já foi a grande moda. Depois que acabaram com a Operação Lava Jato e elegeram Lula ela sumiu. Nesta semana, a Transparência Internacional divulgou o ranking dos países mais corruptos do mundo. O Brasil está em destaque ( ocupa a 107ª posição entre 180 países). É perceptível: está se roubando como nunca neste País. Só a turma do PT não vê o pessoal do Centrão se divertindo. Acorda gente, vocês estão parecendo porteiro de boate. A Transparência fez uma rápida leitura dos mais de 300 discursos de Lula na presidência e viu que somente em 45 ele menciona (constrangido?) a palavra "corrupção". Acho que isso é bom senso. Ele é único brasileiro que não pode falar a palavra porque mostraria um cinismo sem limites. Enquanto isso, vamos roubar pessoal, o Brasil é o País do carnaval.

Tentativa de Golpe - Depois que o novo presidente da Câmara dos Deputados relativizou o 08 de janeiro, voltamos à discussão bizantina se houve ou não tentativa de golpe no Brasil. Os teóricos estão divididos. Verdadeiramente, ainda não se sabe. O Alexandre de Morais mantém trancado num cofre todas as informações sobre o assunto e só as divulga seletivamente, conforme seus interesses. Não é fácil ser dono do Brasil. Cabe a ele acusar, julgar e dar a sentença. Cabe a ele definir a etimologia da democracia. Cabe a ele apontar o dedo e dizer quem é e quem não é golpista. Tudo dentro da Constituição que ele inventou para amparar seus próprios conceitos. E o mais grave: temos que aceitar uma barbaridades dessas...

Defesa da Democracia - Fez xixi fora do penico?, invoca-se os rigores da lei em defesa da democracia. Falou mais do que devia? taca-lhe uma pena em defesa da democracia. Andou fora da faixa de pedestre? desrespeitou a democracia. Escreveu uma maluquice? Você é contra a democracia e deve ser punido. Afinal, qual democracia? Aristóteles, por favor, venha nos salvar. A turma do STF pirou. Só falta agora eles rasgarem dinheiro e comerem cocô.

Resort - Trump quer construir um resort na faixa de Gaza. Puta ideia! Só um gênio é capaz de uma sacada dessas. Trata-se de um lugar bacana: mar azul de turmalina, areias brancas, águas mornas, sol quase o ano inteiro. Enfim, olhando bem dá para plantar coqueiros, construir uma marinha deslumbrantes, calçadões, hotéis para milionários, restaurantes do balocobaco, um lance assim entre Miami e a Riviera Francesa. Só tem um problema: tem um povinho ali que atrapalha, cerca de 3 milhões de palestinos. Terão que ser mandados para o deserto da Jordânia juntos com os camelos. Fácil, fácil...