Como já se sabia nas últimas semanas a eleição para a prefeitura de Campo Grande seria uma disputa fuça a fuça. Mesmo assim, ficou claro que a Capital, mais uma vez, seguiu a tradição do populismo, onde o empreguismo, o coitadismo e o clientelismo religioso deram o tom, levando o PSDB a mais uma derrota, impedindo que o partido pudesse ter a tão sonhada hegemonia da política de Mato Grosso do Sul.
Certamente, desde já, as vitoriosas Adriane Lopes, a prefeitinha, e Rose Modesto, a Falsiane, começam a preparar suas estratégias, num quadro que tem tudo para se manter disputadíssimo, sem haja possibilidade de qualquer previsão.
O resultado das urnas não é o melhor dos mundos para Campo Grande. Beto Pereira deverá fazer uma profunda avaliação de seus erros, suas escolhas, e quais as razões foram determinantes para a sua derrota, independentemente das circunstâncias que o envolveram com denuncias produzidas pelos seus principais adversários.
Rose, por exemplo, subiu um degrau, mas há que se perguntar se ela atrairá os votos de Beto ou se conseguirá agregar apoios de parte do tucanato e dos caciques de outros partidos que não a apoiaram no primeiro turno. Por ora, é difícil responder.
Mas é preciso reconhecer que a Morena teve sorte - e não competência - para chegar ao segundo turno, diferente de Adriane Lopes que precisou se reinventar, deixando de ser uma figura anódina, "a mulher de Janjo, para ter personalidade própria, para pouco a pouco consolidar sua posição.
Adriane também foi sábia ao deixar a prefeitura nas mãos de Marcelo Miglioli, seu secretário de Obras, que raspou o cofre, fez um acordo habilidoso com empreiteiras, e conseguiu fazer entregas que deixaram a população de olhos cheios, com realizações eleitoreiras.
No campo político, a senadora Tereza Cristina deve estar com a alma lavada, ao dar o troco a Beto quando este a derrotou, lá atrás, numa eleição para a prefeitura de Terenos.
Reinaldo Azambuja deverá, neste ponto, rever conceitos, e refletir os motivos pelos quais a Capital do Estado oferece tanta resistência ao seu jeito de fazer política.
O momento agora é de se pensar nos arranjos possíveis que poderão ser feitos para a escolha da futura prefeita da cidade. Será uma luta de rejeições, ao mesmo tempo de conquistas sobre quem vende melhor o sonho de construção de um futuro diferente, mostrando inclusive quem tem a equipe mais competente.
Somando todos os fatores que influenciaram o resultado eleitoral de hoje, uma coisa é certa: as perspectivas históricas de Campo Grande não fornece elementos para se comemorar. Fica cada mais claro que o campo-grande vive um longo período de autossabotagem.
A cidade merece algo melhor.