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Rose não me convenceu: ela continua sendo a falsiane de sempre


Rose Modesto está entre as sombras de Bolsonaro e Lula, 
embora sua escolha atual foi (como sempre) a mais conveniente: o muro


Volto ao debate do Midiamax. Muitos amigos comentaram comigo que Rose e Adriane Lopes se saíram muito bem. Foram as melhores. Alguns inclusive observaram o nervosismo de Beto Pereira e suas eventuais inseguranças diante de perguntas mais incisivas.

Concordei em parte. Mesmo sabendo que a repercussão do debate - e sua influência no jogo eleitoral - foi praticamente inócua, embora tenho que reconhecer que Rose estava no seu melhor dia.

Ela só claudicou nas chamadas considerações finais, pois eu esperava que ali ela faria o fecho de ouro, consagrando-se com a imagem de melhor candidata. Mas ela esfriou, parecia cansada, atordoada até, perdeu a embocadura. É a vida...

Mesmo com com uma boa performance e com forte apoio da maioria dos candidatos que colocaram, um a um, vários degraus sob seus pés, ela cometeu o mesmo erro de Fernando Henrique Cardoso na eleição contra Jânio Quadros, em 1985, quando FHC sentou na cadeira de Mário Covas, a quem pretendia suceder.

O mundo caiu. O tucano perdeu.

Rose fez mais ou menos isso no debate do Midiamax: arrogou-se eleita, falou como prefeita. Ultrapassou os limites. Erro grave.

Segundo erro: afirmou que votou em Bolsonaro das últimas eleições e apoiou o Capitão Contar contra Riedel para fazer a contraprova de que tem um acordo subterrâneo com o PT nestas eleições. 

Portanto, isso não impediu (ela justificou) que Lula a nomeasse superintendente da Sudeco, já que ela teve apoio de todos os governadores da Região Centro-Oeste, com respaldo decisivo de Ronaldo Caiado, um galardão da direita brasileira.

A verdade é outra: Rose bandeou-se para o Bolsonarismo porque, ao lado de Lula, não se elegeria nas últimas eleições, pois Mato Grosso do Sul tem uma imensa rejeição ao PT.

Muitos candidatos fizeram isso: surfaram na onda de Bolsonaro para ter votos. A aderência ao Capitão Contar, no segundo turno, foi ato natural, pelo fato de que se ele fosse eleito - como talvez ela tivesse certeza de que isso aconteceria - ela poderia solicitar cargos no Governo do Estado.

Lembrem-se: nossa querida Morena gosta de cargos e contratos. Todo mundo sabe.

Mesmo assim, ela tirou o assunto de pauta quando disse que a eleição em Campo Grande não pode cair no jogo da polarização ideológica. Reconheço que ela se saiu bem e calou o questionamento de Adriane Lopes.

Mas isso não encobre o fato de que vincular-se a Lula tem forte oposição do eleitorado campo-grandense. Rose sabe disso. Sua neutralidade ideológica e partidária (apesar que coligação com o PDT a colocar no campo da esquerda) é um cálculo para evitar um aumento de sua rejeição.

Rose não está fazendo um jogo aberto, evitando de assumir de peito aberto Lula em sua campanha. Como se diz, ela está no armário e lá de dentro ela só sairá depois da eleições.