Um populismo rastaquera comanda a prefeitura de Campo Grande desde quando Alcides Bernal foi eleito, em 2012. De lá para cá, a cidade caiu nas mãos de figuras como Gilmar Olarte, Marquinhos Trad (apesar de ter feito um primeiro mandato ditado pela racionalidade, mas depois desbordou para delírios inconfessáveis) e Adriane Lopes e seu entorno de vigaristas, gerando assim esse cenário de caos e desordem que hoje infelicita a população, sem nada poder fazer a não ser esperar as eleições.
O quadro é deprimente. Pelo lado da Câmara Municipal, hoje sob o comando de Carlão Brucutu, a situação é tenebrosa. Talvez, em tempo algum, conseguiu-se colocar num mesmo espaço tamanha quantidade de picaretas, salvando-se um ou outro, mas todos embalados no mesmo pacto sinistro, cujo símbolo mais proeminente tenha sido um tal de Claudinho Serra, personagem ocasional, pupilo de nosso mais notório escroque, formado na velha escola da malandragem, fundada por aqueles que transam no público e no privado como se estivessem em casa de tolerância.
Os vereadores poderiam ter impedido esse e outros descalabros, caso tivessem coragem de intervir e mandar, por exemplo, dona Adriane pra casa. Mas não. Entraram na farra e o resultado é esse que aí está.
A grande chance de mudança - repito - poderá vir agora no processo eleitoral, que parece embolado, com muito diz-que-diz, com muito vapor e pouca energia, deixando o eleitorado no escuro, com baixa expectativa de ver uma nesga de luz no longínquo fim do túnel.
Com exceção de Beto Pereira e André Puccinelli, as demais candidaturas transpiram e exalam o mais do mesmo. São todos populistas, enganadores profissionais, sacripantas consagrados. Só uma sociedade com vocação para o masoquismo coletivo elegeria as figuras que estão por aí pululando pelas redes sociais e nas mídias controladas, tentando disfarçar as suas verdadeiras personalidades, num esforço para ludibriar ao máximo os inocentes.
Infelizmente, até o momento, as candidaturas de André Puccinelli (indicado em primeiro lugar nas pesquisas) e Beto Pereira ( estacionado em quartou ou quinto lugar mas com forte apoio da máquina estadual), carregam dúvidas tremendas. Eles ainda não encontraram o tom correto das campanhas, não acharam a embocadura de seus instrumentos e estão desafinando demais.
André ainda não deu sinais seguros de que é, realmente, candidato. Ele transita entre a dúvida razoável e a certeza de um equilibrista. Beto, ao contrário, garante que é candidato pra valer, mas ainda não fez ajustes necessários em sua equipe de campanha. Seu pessoal da área de marketing é extremamente problemático, por enquanto mais preocupado em ficar jogando lenha na fogueira das vaidades internas do que ir ao ponto que interessa.
Enquanto isso, Rose Modesto (verdadeira candidata do petismo local) e Adriane Lopes aproveitam a deixa e vão comendo pelas beiradas. Há também uma luta nos bastidores para ver quem ganha, afinal, o apoio explícito do ex-presidente Bolsonaro, por enquanto o principal cabo eleitoral do processo eleitoral campo-grandense. Pelos levantamentos das qualis o nome que ele consagrar tem chances de ir para um segundo turno. É complicado.
Além disso, existem fatores complicadores. A classe política olha o pleito municipal como um ensaio para o jogo sucessório de 2026. PT, PSDB e MDB estão mais preocupados com as futuras candidaturas a deputados estaduais, federais e senado do que para prefeituras. Eles sabem que nossa classe política é venal e pendular e tanto faz quem seja eleito. No fundo, esse é o grande jogo no qual a maioria dos atores de hoje está verdadeiramente interessada.
Nos próximos dias, por conta do próprio calendário eleitoral, as nuvens vão se dissipar e saberemos com quem vamos ter lidar. Por enquanto, o quadro é nebuloso. Campo Grande não sairá tão fácil da espiral de crise que ora enfrenta. Torcemos, então, pelo menos pior. É a nossa sina.