Uma ilustração fotográfica de Rose Modesto muito usada
na campanha em que ela tentou ser prefeita -
Agora que todo mundo já sabe que Rose Modesto (União Brasil) é a candidata do PT e que Camila Jara (deputada federal petista) é apenas uma laranjinha para distrair as tribos identitárias da cidade, que tal começar uma conversa de adultos para que todos entendam o que realmente está em jogo no nosso processo eleitoral?
O sonho de Rose em ser prefeita de Campo Grande vem desde 2016. Ela era vice-governadora de Reinaldo Azambuja e se colocou na frente da fila, às cotoveladas, dentro do PSDB, assegurando que, com o apoio da máquina do governo estadual e o segmento evangélico, daria uma surra em Bernal e Marquinhos Trad, seus principais concorrentes.
De fato, Rose foi para o segundo turno, criou um fato novo, e depois perdeu feio a eleição. Marquinhos deu-lhe uma surra histórica. Mesmo com uma estrutura de comunicação bem azeitada, uma equipe competente, Rose terminou cometendo tantos erros que, no final, a realidade mostrou que o problema era ela mesma. Marquinhos venceu andando e falando trivialidades, com propaganda mambembe e desorganizada.
Não cabe aqui enumerar equívocos de leitura politica de outros tempos. Rose agora está de volta em nova versão, e muita gente imagina que ela tenha feito uma profunda autocrítica e saiba o que não pode fazer agora para não dançar mais uma vez.
Na movimentação de bastidores há quem aposte que ela estará com certeza no segundo turno, seja contra Puccinelli (se sua candidatura for confirmada) ou Beto Pereira (dependendo ainda de sua habilidade para agregar valores para sua campanha).
No momento, ela está formando sua equipe de comunicação, atemorizando os adversários com nomes de linha de frente do marketing político brasileiro. Comentam que ela tomará um banho de loja, está reaprendendo a falar a língua pátria, já aprendeu a pronunciar corretamente terminologias furadas como "planejamento estratégico", "gestão inclusiva" e "plano de desenvolvimento urbano" sem provocar risadas nos ouvintes.
Uma rápida passagem pela Superintendência da Sudeco deu-lhe, digamos, uma postura estrutural de mulher executiva e uma capa de administradora competente. Ou seja: tia Rose vem com tudo, disposta a se transformar numa personagem difusa com casca populista e postura técnica.
Se vai dar certo, isso é outra história. Como costuma afirmar o deputado estadual Junior Mochi, Rose é boa de arrancada, começa a subir, e aí entra em processo de autossabotagem e desce de maneira irrecuperável.
Ela tem um terrível problema de inautenticidade. É difícil acreditar em suas narrativas, em sua sinceridade forçada e nas suas intenções altruístas que se sustentam, no discurso, no coitadismo e na autopiedade.
Ela sempre se apresenta com aquela história farsesca de menina pobre que começou a vida como catadora de algodão em Culturama, comendo o pão que o diabo amassou, mas que, com determinação e luta, tornou-se numa professora que toca violão, elegeu-se vereadora, e, assim, subiu na vida, servindo como exemplo de ascensão social num terreno árido como é o da política brasileira, principalmente para as mulheres.
O problema é que essa historieta de sucesso - como a maioria delas - tem muitos furos e faz água conforme Rose começar a ser testada em campo aberto, fora do controle das assessorias, chegando ao ponto que o eleitorado fica desconfiado se ela é resultado de um conto de fadas ou fruto de maquinações de uma bruxa má. É difícil.
Quem conversa sempre com a classe política assusta-se com a versão arrivista de dona Rose. "Os irmãos modestos (a referência diz respeito à dupla Rinaldo e Rose) são o que de mais temeroso existe na nossa política", comenta-se. A livre tradução destes comentários diz respeito à ambição desmedida, sem muita noção republicana de separação entre o público e o privado, que embala as campanhas da família Modesto.
Recentemente, numa conversa particular com Puccinelli, apontei estas questões como obstáculo para a candidatura da menina e ele afirmou que "Rose amadureceu, ela entendeu as burradas do passado e hoje é outra pessoa", afirmou.
Mesmo assim, o conceito de Rose ainda é frágil. Se ela é a solução para o caos campo-grandense há um ponto de interrogação do tamanho do obelisco do Afonso Pena em muitas cabeças.
O sonho de Rose em ser prefeita de Campo Grande vem desde 2016. Ela era vice-governadora de Reinaldo Azambuja e se colocou na frente da fila, às cotoveladas, dentro do PSDB, assegurando que, com o apoio da máquina do governo estadual e o segmento evangélico, daria uma surra em Bernal e Marquinhos Trad, seus principais concorrentes.
De fato, Rose foi para o segundo turno, criou um fato novo, e depois perdeu feio a eleição. Marquinhos deu-lhe uma surra histórica. Mesmo com uma estrutura de comunicação bem azeitada, uma equipe competente, Rose terminou cometendo tantos erros que, no final, a realidade mostrou que o problema era ela mesma. Marquinhos venceu andando e falando trivialidades, com propaganda mambembe e desorganizada.
Não cabe aqui enumerar equívocos de leitura politica de outros tempos. Rose agora está de volta em nova versão, e muita gente imagina que ela tenha feito uma profunda autocrítica e saiba o que não pode fazer agora para não dançar mais uma vez.
Na movimentação de bastidores há quem aposte que ela estará com certeza no segundo turno, seja contra Puccinelli (se sua candidatura for confirmada) ou Beto Pereira (dependendo ainda de sua habilidade para agregar valores para sua campanha).
No momento, ela está formando sua equipe de comunicação, atemorizando os adversários com nomes de linha de frente do marketing político brasileiro. Comentam que ela tomará um banho de loja, está reaprendendo a falar a língua pátria, já aprendeu a pronunciar corretamente terminologias furadas como "planejamento estratégico", "gestão inclusiva" e "plano de desenvolvimento urbano" sem provocar risadas nos ouvintes.
Uma rápida passagem pela Superintendência da Sudeco deu-lhe, digamos, uma postura estrutural de mulher executiva e uma capa de administradora competente. Ou seja: tia Rose vem com tudo, disposta a se transformar numa personagem difusa com casca populista e postura técnica.
Se vai dar certo, isso é outra história. Como costuma afirmar o deputado estadual Junior Mochi, Rose é boa de arrancada, começa a subir, e aí entra em processo de autossabotagem e desce de maneira irrecuperável.
Ela tem um terrível problema de inautenticidade. É difícil acreditar em suas narrativas, em sua sinceridade forçada e nas suas intenções altruístas que se sustentam, no discurso, no coitadismo e na autopiedade.
Ela sempre se apresenta com aquela história farsesca de menina pobre que começou a vida como catadora de algodão em Culturama, comendo o pão que o diabo amassou, mas que, com determinação e luta, tornou-se numa professora que toca violão, elegeu-se vereadora, e, assim, subiu na vida, servindo como exemplo de ascensão social num terreno árido como é o da política brasileira, principalmente para as mulheres.
O problema é que essa historieta de sucesso - como a maioria delas - tem muitos furos e faz água conforme Rose começar a ser testada em campo aberto, fora do controle das assessorias, chegando ao ponto que o eleitorado fica desconfiado se ela é resultado de um conto de fadas ou fruto de maquinações de uma bruxa má. É difícil.
Quem conversa sempre com a classe política assusta-se com a versão arrivista de dona Rose. "Os irmãos modestos (a referência diz respeito à dupla Rinaldo e Rose) são o que de mais temeroso existe na nossa política", comenta-se. A livre tradução destes comentários diz respeito à ambição desmedida, sem muita noção republicana de separação entre o público e o privado, que embala as campanhas da família Modesto.
Recentemente, numa conversa particular com Puccinelli, apontei estas questões como obstáculo para a candidatura da menina e ele afirmou que "Rose amadureceu, ela entendeu as burradas do passado e hoje é outra pessoa", afirmou.
Mesmo assim, o conceito de Rose ainda é frágil. Se ela é a solução para o caos campo-grandense há um ponto de interrogação do tamanho do obelisco do Afonso Pena em muitas cabeças.
Tenho amigos com grau respeitável de sabedoria apoiando a pré-candidata de Culturama. Isso ajuda numa campanha, mas e depois?. E se a a velha Rose renascer? E se ela voltar a se envolver profundamente com seu entorno histórico (que representa o atraso do atraso) e começar a demonstrar abertamente que se trata de um Bernal usando saias?. Isso será um problema para a sociedade.
Por outro lado, fica a dúvida: como ela explica a aliança subterrânea que fez com o petismo histórico no contexto estratégico de apoio à candidatura de Vander Loubet para o senado em 2026?. Isso devia ser clarificado desde já. Fingir que não é Lulista (depois de trabalhar pra ele) é um péssimo negócio pra quem precisa se comprometer com coisas básicas como transparência, verdade e compromissos com a cidade.
Rose sabe que o antipetismo em Campo Grande é forte e tira votos. Ela deverá ser escrutinada pelo Bolsonarismo e me pergunto se ela conseguirá falar a verdade, na medida exata que configure suas posições diante desse quadro polarizado?
Isso pra começar. O resto vem depois.
Por outro lado, fica a dúvida: como ela explica a aliança subterrânea que fez com o petismo histórico no contexto estratégico de apoio à candidatura de Vander Loubet para o senado em 2026?. Isso devia ser clarificado desde já. Fingir que não é Lulista (depois de trabalhar pra ele) é um péssimo negócio pra quem precisa se comprometer com coisas básicas como transparência, verdade e compromissos com a cidade.
Rose sabe que o antipetismo em Campo Grande é forte e tira votos. Ela deverá ser escrutinada pelo Bolsonarismo e me pergunto se ela conseguirá falar a verdade, na medida exata que configure suas posições diante desse quadro polarizado?
Isso pra começar. O resto vem depois.