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O apoio de Bolsonaro

 


Dante Filho*

Mato Grosso do Sul é um estado politicamente atípico: o bolsonarismo vive aqui um momento de ascensão e prestígio popular. Pesquisas demonstram que Jair Bolsonaro obtém índices de preferência elevados, quase sempre dez pontos à frente de seu principal adversário, Luiz  Inácio Lula da Silva. 

Parlamentares como Simone Tebet e Fábio Trad correm o risco de serem tragados para o ostracismo na próxima eleição dentro do Estado por terem optado pelo confronto direto com as bases eleitorais do Capitão. 

Os pré-candidatos a governador vivem em MS um dilema: ou mantém uma relação cautelosa com Bolsonaro ( em cima do muro) ou disputam seu apoio explicitamente. A preferência pelo atual presidente é explicada por causa da influência do agronegócio e de uma vasta população conservadora vinculada às igrejas evangélicas. Não adianta colidir com o mundo real. 

Dias atrás, Bolsonaro marcou uma visita ao Estado para consagrar seu apoio ao pré-candidato do PSDB Eduardo Riedel, que se aliou há tempos com a ex-ministra Teresa Cristina, a preferida (pelo presidente e pelas pesquisas) para ocupar uma vaga ao senado a partir do próximo ano. Teresa tornou-se um quadro bolsonarista importante e sua influência junto ao presidente determinou a aproximação ao tucanato local. Ademais, Tereca é amiga antiga de Riedel e eles se gostam.

Mas as franjas do bolsonarismo local estão divididas quanto a esse arranjo. A senadora Soraya Thronicke ingressou no União Brasil e está em campanha para eleger a deputada Rose Modesto ao governo do Estado. Sem espalhafato.

Num outro ponto, o deputado estadual Capitão Contar abriu dissidência e, com apoio do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), vem lutando para que Bolsonaro consagre sua candidatura ao governo, alegando que essa é a exigência dos bolsonaristas raiz que agregam a extrema-direita no Estado. 

Já tentaram de tudo para acomodar Contar, oferecendo-lhe inclusive uma vaga de suplente na chapa de Teresa Cristina. Nada. Bolsonaro afirmou inclusive que, se eleito, convocaria novamente Teresa ao Ministério e ele, Contar, seria senador da República sem gastar dinheiro nem sola de sapato. Não funcionou. 

Contar insiste na candidatura e já colocou sua tropa nas ruas. Ele é temido na imprensa e nos meios políticos porque não tem pruridos em usar as redes sociais para triturar adversários. Sua esposa é uma publicitária conhecida pela forte têmpera e, com a ajuda de uma militância aguerrida, sabe mexer os pauzinhos para destruir reputações. Há inclusive denúncias de uso de robôs em larga escala para massificar memes que infernizam aqueles que ousam contrariar os interesses do casal. 

Contar é um homem que se caracteriza por uma compleição física gigantesca, alto e musculoso, mas não é um parlamentar de destaque numa Assembléia Legislativa dominada inteiramente pelo governador Reinaldo Azambuja. Suas ações na oposição repercutem pouco na imprensa, mas se intensificam nas redes à medida que surgem oportunidades, como certa vez em que o presidente Bolsonaro visitou Corumbá e Contar organizou, à socapa, uma grande vaia a Azambuja.

Muitos políticos comentam ironicamente que Contar é um “dronão voando por aí sob o controle em terra de uma mulher amalucada”.  

Assim, ele tenta ser o candidato de Bolsonaro no Estado, organizando seu grupo para fazer um fuá no próximo dia 20 quando o presidente descer em MS para anunciar seu apoio a Riedel. Politicamente, não agrega nenhum valor, mas quem é que entende essa gente?

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE DEPP

A decisão da justiça americana (diferente da Inglesa) dando um ganho moral e financeiro às ações movidas contra sua ex-esposa Amber Heard, podem provocar alguma conseqüência cultural aos delírios feministas do me tôo e outros que se transformaram no modelo do novo fascismo mundial. Depp é o melhor ator do mundo. Amber é um rostinho bonito, que tentou surfar na onda de celebridades admoestadas por machos tóxicos.  Não deu certo. A causa das mulheres – justa e historicamente importante – não pode almejar transformar uma geração de rapazes em gazelas frágeis e saltitantes para o gozo de mamães reprimidas e frustradas. Acho que movimentos feministas devem ser repensados noutro padrão de debate que não seja o dedo em riste. Está insuportável. Vejo amigos hoje com medo até de olhar o derrière feminino e serem acusados de assédio. Não dá. Homens podem perfeitamente se comportar como machos e tratar mulheres como fêmeas. É moralmente justo pelo bem da humanidade. 

*Artigo publicado originalmente no Jornal O Estado de São Paulo