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DANTE FILHO: OS DOIS MUNDOS DE AZAMBUJA

 

Nesta segunda-feira (04 de janeiro) o público leitor de Mato Grosso do Sul foi brindado com os dois mundos do Governador Reinando Azambuja. Uma entrevista sob controle no jornal Correio do Estado e uma manchete no site Midiamax que mostra que o avanço do processo criminal de Azambuja segue firme e forte. 

No Correio do Estado (com a assinatura do jornalismo correto de Eduardo Miranda) Azambuja se mostra um bom gestor, administrador competente que está contribuindo para o crescimento econômico de MS. Ali está o grande homem de negócios, personagem bem-intencionado, sujeito que faz tudo correto, mesmo tomando “medidas impopulares”. 

É perceptível que as respostas às perguntas do jornal foram preparadas pela sua assessoria de imprensa. O linguajar de Azambuja é tosco, seu raciocínio é o do fazendeirão, mas na entrevista emana o linguajar correto do empresário, do político bacana, do sujeito que faz boniteza, mesmo em tempos de adversidade. 

Já no Midiamax , cuja reportagem leva o nome do jornalista Guilherme Cavalcante (com texto correto e bem explicado), vemos  Reinaldo Azambuja como “líder de organização criminosa”, tentando desesperadamente driblar o judiciário com ajuda de uma milionária bancada de advogados. 

No Correião, Azamba flutua no sucesso; no Midiamax, ele está beirando o abismo, podendo inclusive ir a ferros. 

É de se perguntar: qual destes dois você prefere?

O sujeito limpo, rico, bem articulado, com visão estratégica do processo de desenvolvimento do Estado; ou o outro, o picareta, o cara maligno, que há tempos articula uma quadrilha criminosa, acusado de ter tungado dos cofres públicos mais de R$ 400 milhões em esquemas nebulosos de corrupção? 

Bem, cada um escolhe sua versão de Azambuja que mais lhe aprouver. As duas podem ser verdadeiras ou falsas. Ou talvez sua verdadeira personalidade esteja no meio de tudo isso, numa versão meio forçada do Dr. Jekyll e mr. Hyde, na velha e conhecida história do médico e do monstro. 

O fato é que o homem que emana da entrevista do Correio é fake. E o que está explicito no material do Midiamax ainda depende de trâmites judiciais. 

Não dá para afirmar categoricamente qual destes dois homens triunfará ou sucumbirá no final. 

No mundo ideal toda a imprensa do Estado deveria estar escarafunchando um governo (qualquer um) sob fortes suspeitas de crime sistemático com os recursos públicos. Neste planeta sonhado, Azamba deveria ser afastado da administração, esperando a conclusão decisiva do judiciário.

Mas o establishment de Mato Grosso do Sul está bem guardado no bolso da República de Maracaju. Claro que temos pessoas honestas suportando este quadro calamitoso acreditando que é melhor isso do que a ingovernabilidade. 

Mas o fato real é que não existe uma oposição que vocalize os sentimentos de perplexidade do Estado, mesmo porque ela é meramente oportunista e só rebola nos períodos eleitorais. 

A grande pergunta que se poderá fazer ao longo deste 2021 é se a máquina da corrupção ainda está funcionando a todo o vapor em MS. 

Não sabemos cabalmente qual a real situação, se depois da lava jato houve um pacto para segurar a barra, ou se a cúpula administrativa do Estado refreou suas ganas e suas taras depois de tantos escândalos. 

Só sabemos que nossas instituições estão moitadas, encolhidas, esperando cair do céu das instâncias superiores da Justiça uma decisão que poderá ou não revelar o tamanho do buraco que Azambuja nos meteu. 

Feliz ano novo.