Prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes,
flertando com personagens que admiram Hitler
A primeira mulher eleita prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, conseguiu quebrar a hegemonia masculina que vinha do distante 1870 e, em abril de 2025, completou três anos à frente do Poder Municipal.
É do conhecimento de todos que sua entrada na política deveu-se, inicialmente, a um golpe de sorte: reeleita para um segundo mandato em 2020, no cargo de vice de Marquinhos Trad, acordou como a 65 ª prefeita de Campo Grande em abril de 2022, em decorrência da renúncia daquele para concorrer ao cargo de governador do Estado.Assustada, porém encorajada pelo marido, deputado Lídio Lopes, pelo próprio grupo do prefeito que renunciou e por lideranças de Igrejas evangélicas, encheu-se de coragem e, mesmo sabendo que não estava ali por méritos pessoais, tomou assento na cadeira que Marquinhos Trad, havia ocupado desde sua primeira eleição, em 2017.
Dotada de perspicácia (como toda mulher), Adriane foi se utilizando da velha, (mas muitas vezes imperceptível) técnica: vendo, ouvindo, aprendendo, realizando ações e projetos em benefício do povo.
Do seu povo, esquecendo-se que um bom gestor municipal é aquele que planeja e executa políticas públicas para todos os munícipes, não apenas para certos grupos. E é com esses “certos grupos” que Adriane caminhou, senhora de si e do seu nariz, para as eleições municipais de 2024.
A população, no período eleitoral, parece ter perdoado suas inúmeras falhas e deslizes cometidos como prefeita, dando-lhe os devidos descontos por ter “caído de paraquedas” na cadeira mais importante do Paço Municipal.
Além disso, cada vez mais se reconhece a importância da presença feminina nos espaços de poder, conforme pontuam pesquisas especializadas sobre o tema.
Uma delas é a realizada pelo Instituto “Patrícia Galvão”, com apoio do IPEC, cujos resultados registram a aprovação dos eleitores às candidaturas femininas, destacando a melhor capacidade da mulher para administrar, pois são dotadas de sensibilidade, solidariedade e habilidade organizacional.
Com o olhar sempre voltado para as reais preocupações que atingem grande parte da população, são capazes de decisões assertivas, priorizando a educação, a saúde e a assistência social.
No entanto, passados esses anos de gestão, a expectativa da população em relação ao desempenho da prefeita Adriane Lopes vem sendo drasticamente reduzida e as pesquisas de opinião pública sobre ela apontam para resultados cada vez mais desastrosos.
A população reclama de as ruas e avenidas da capital estarem tomadas por crateras. Praças e logradouros públicos não recebem manutenção e estão tomados pelo mato. O lixo está espalhado por diversas regiões da cidade, sobretudo nos bairros.
Muitas obras que foram lançadas em 2024, antes das eleições municipais, estão paralisadas. Nos postos de saúde, não há médicos, enfermeiros, insumos e medicamentos, e é cada vez mais longa a fila de espera dos cidadãos que anseiam por atendimento.
Por falta de manutenção, os equipamentos odontológicos não funcionam e por essa razão a população deixa de ser atendida.
E como se não bastasse, a prefeita Adriane Lopes abriga, entre os seus auxiliares mais próximos, desde 14 de abril de 2023, o secretário municipal de Segurança Pública Anderson Gonzaga da Silva Assis.
Formado em Segurança Pública, pós-graduado em Gestão Pública e Inteligência Policial, é Guarda Civil há 14 anos, tendo inclusive sido comandante da Região Central de Campo Grande, por dois anos.
Traz outro componente no currículo: ASSUMIDAMENTE É ADMIRADOR DE HITLER E DE SUA DOUTRINA NAZISTA!
Tanto que, no início desse ano, durante reunião com seus subalternos, manifestou sua admiração pelo regime implantado na Alemanha a partir de 1933: “Admiro Hitler, porque ele era um cara inteligente [...] A Alemanha é a potência que é hoje graças ao Hitler.... Tinha as ideologias dele e conquistou o que conquistou graças à inteligência dele [...} queria ser um terço daquilo que Hitler alcançou, [...] principalmente com esse grupamento aqui”.
Esse Secretário que divulga o nazismo entre os seus comandados, certamente parece não ter muita intimidade com os bancos escolares!
Afinal, conhece muito pouco do seu ídolo, Adolf Hitler que, ao contrário das suas afirmações, foi quem destruiu a Alemanha e provocou uma guerra que passou à história pelas atrocidades cometidas nos campos de concentração, pela morte de seis milhões de judeus e que, não se contentando só com eles, estendeu sua fúria aos comunistas, aos supostos comunistas, aos democratas, aos sociais – democratas, aos liberais, aos homossexuais, aos ciganos, aos negros, aos portadores de necessidades especiais, às Testemunhas de Jeová.
“Somados, são cerca de cinco milhões de assassinatos de não judeus”, tudo isso, sem considerar aqueles que morreram em combate.
Para completar esse quadro de horrores, na Câmara Municipal de Campo Grande, dois vereadores da base aliada da prefeita apresentaram, recentemente, moção de apoio ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP)!
Se propuseram a homenagear um “autêntico traidor da Pátria, um delinquente” que, lá nos EUA, e sendo mantido com a soldo da Câmara dos Deputados aqui no Brasil, atacou e continua atacando a soberania nacional e a independência do Judiciário.
Tornou-se o principal defensor das sanções impostas pelos EUA ao Brasil, que resultaram em prejuízo econômico para empresários e trabalhadores.
Chantagem política inaceitável, em benefício próprio, “aliou-se ao agressor estrangeiro para sabotar 213 milhões de brasileiros”. Para nossa sorte, a referida e vergonhosa moção de apoio foi derrotada na nossa Câmara Municipal.
E o que dizer dos dois vereadores, André Salineiro e Rafael Tavares, que apresentaram um projeto para instituir o modelo de Escola Civil Metropolitana no município de Campo Grande?
De início, uma verdadeira afronta aos princípios da liberdade de pensamento, pois, se aprovado as escolas serão transformadas em verdadeiros quartéis, descaracterizando-se por completo a missão e os objetivos das instituições escolares.
E a tragédia é ainda maior: as atividades escolares, segundo o citado projeto de lei, serão desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Educação em conjunto com a Secretaria Especial de Segurança Pública, comandada por um admirador de Hitler.
Não tem sido fácil remover esses pensamentos e opiniões equivocadas de parte da sociedade e, sobretudo, de alguns vereadores que teimam em apresentarem projetos com fins e posturas autoritárias.
A pergunta é: O que será dos nossos estudantes desde a tenra idade?
Os que não podem pagar uma escola particular para fugir da doutrinação institucionalizada estarão sujeitos às imposições de determinadas autoridades municipais visivelmente antidemocráticas.
Que os pais e os cidadãos e cidadãs abram os olhos para combater decisões insanas que afetam a todos nós, antes que seja tarde demais.
Paulo Marcos Esselin é Professor titular aposentado
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Artigo publicado originalmente no site VoxMS