Nos quatro primeiros meses deste fatídico ano de 2018 ouvi centenas de oráculos de nossa política - gente muito mais inteligente e informada do que eu - afirmar que o ex-governador André Puccinelli não seria candidato.
A opinião era unânime: o homem estava blefando, jogando pôquer com seus adversários, pois "ele jamais correria esse risco porque Azambuja reagiria e orientaria seus ajudantes no Ministério Público e Tribunal de Justiça a colocá-lo na cadeia". Esse era o palpite certo.
Ouvi teorias conspiratórias de todos os tipos. Só achava que todos estavam errados. Qual o motivo? Simples: no ano passado Puccinelli entrou num frenesi articulador que nunca tinha visto em toda a minha vida de repórter em Mato Grosso do Sul.
Tratava-se uma movimentação tão determinada que somente um grande ator poderia encenar uma farsa desproporcional à sua vontade manifesta.
Tratava-se uma movimentação tão determinada que somente um grande ator poderia encenar uma farsa desproporcional à sua vontade manifesta.
Um dia, no final de novembro, num encontro casual com Puccinelli, perguntei se ele enfrentaria o processo eleitoral como candidato a governador: "você tem dúvida?", sorriu marotamente.
Ali, minha intuição ficou cristalizada: ele seria candidato, enfrentando as adversidades da desconfiança generalizada. O resto era boato.
Agora, vamos pular no tempo. Vejam a ironia: aquele que "jamais seria", tornou-se, paradoxalmente, no único candidato real de 2018. Seus possíveis adversários - Azam e o Juiz - experimentam cada vez mais a dúvida de serem chamados do que eles realmente poderão vir a ser: "candidatos"
Deu-se, enfim, uma inversão de expectativas. Quem jamais seria, é. Quem sempre foi, não se sabe...
Os grandes "analistas" de nossa política doméstica erraram feio. Acho que a futurologia das certezas proclamadas virou fumaça. Mais uma vez.