O Governador Reinaldo Azambuja e seus capitães do mato vêm fazendo um grande esforço para arrancar uma candidatura à vice que esteja na esfera (e na preferência) de influência do prefeito Marquinhos Trad. Isso é natural. Qualquer governante que precisasse desesperadamente ser reeleito faria o mesmo.
O raciocínio da República de Maracaju é a seguinte: no interior do Estado estamos bem, sabemos como comprar apoio, formar os currais eleitorais, promover os acertos, forçar a barra para tirar uma boa votação. O problema é Campo Grande. Na Capital, a história é outra. O eleitorado é mais crítico, esclarecido, mais sintonizado e menos permeável aos achaques da velhíssima política.
Portanto, temos que estar aliados a uma liderança que sabe dar o recado para o povão e, com isso, ajudar na soma dos votos que sejam suficientes para disputar na proa e, sabe-se lá deus, chegar a um segundo turno.
Essa liderança todo mundo sabe quem é. Assim, conseguindo formalizar esse apoio – mesmo que seja simbólico – a campanha de Azam poderá fluir melhor e ter competitividade à medida que sua campanha entra nos eixos.
Nesse primeiro momento, coloca-se em curso a seguinte estratégia: atrair o prefeito e seu entorno e criar um manto de desconfiança sobre a validade da candidatura de quem pode, de fato, ser um obstáculo eleitoral: André Puccinelli.
O juiz Odilon vem sendo desprezado – mesmo figurando em primeiro lugar na pesquisa – porque a República acredita que a natureza de seus apoiadores é predatória: não aguentam o cheiro do dinheiro nem do poder. Assim, não titubearão em largar o juiz na beira da estrada, chorando a cantilena do “jogo sujo da política”.
Três histórias correram a praça nos últimos dias: André não é candidato; vai amarelar, sob ameaça de prisão juntamente com seu filho; André solicitou à Azambuja R$ 20 milhões para desistir; André indicará o vice e uma vaga no senado para Azam, formalizando assim uma aliança invencível no Estado entre PSDB e PMDB.
Por meio de seus operadores na mídia essas especulações bombaram. Depois, não se sabe bem por qual razão se esvaíram. Pelo que se vê, Puccinelli segue articulando mais do que nunca sua candidatura.
Agora, vamos à história da indicação do vice. A coisa não rola porque está muito cedo para que isso aconteça. As propostas estão sendo feitas e avaliadas. Mas as pesquisas mostram que Azambuja não engata (ou se engata, só consegue dar marcha à ré). O único discurso convincente do tucanato é o de que Sérgio de Paula (tesoureiro do partido) está indo à feira comprar tudo e todos. Ou seja: o governo terá dinheiro para gastar – e vencer, de acordo com essa avaliação.
Essa ideia não deu certo nas últimas eleições em Campo Grande, como se viu. Gastou-se o mundo e o fundo com Rose Modesto e todos sabem o resto da história. Azambuja parece ser um sujeito que não consegue aprender com os erros. Ele insiste em degustar o mesmo feno estragado.
Pra que ele possa viabilizar um vice viável terá que mudar alguns procedimentos. O primeiro é mudar o seu interlocutor político. Não ajuda ter alguém para negociar alianças que precisa ficar escondido no escurinho da sala para não ser revelado ao distinto público. O governador precisa de alguém com reputação e credibilidade parar fazer os arranjos políticos à luz do sol, colocando à frente critérios republicanos. De outro jeito, vai perder.
Mas vou parar por aqui. Existem outros fatos e fatores que merecem ser citados. Mas acho que textos longos ninguém gosta de ler. Vou deixar todos os temas para um futuro livro: “A República de Maracaju & seus comedores de feno”. Espero que tenha fígado para escrever todos os capítulos.