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Diário de um perdedor







O blog publica um trecho do livro de Eduard Limonov, selecionado no romance de Emmanuel Carrére,  publicado pela Alfaguara e traduzido por André Telles. Neste texto, intitulado “Diário de Um Perdedor”, resume-se a essência do autor, um homem que escolheu a fúria heróica como personagem histórico. 



Diário de um perdedor

“Eles virão todos. Os bandidos e os tímidos – estes lutam bem. Os passadores de drogas e os que distribuem prospectos para bordéis. Os punheteiros, os clientes de teatros de revista e cinemas pornôs. Os que circulam solitários pelas salas de museu ou fazem consultas nas bibliotecas cristãs e gratuitas. O que levam duas horas para sorver seu café no McDonald’s olhando tristemente pela vitrine. Os fracassados do amor, do dinheiro e do trabalho, e os que tiveram o infortúnio de nascer numa família pobre. Os aposentados que fazem fila no supermercado, no caixa reservado aos que compram menos de cinco itens. Os patifes negros que sonham arranjar uma branca alta e, como nunca conseguirão, estupram-na. Os doorman de cabelos grisalhos louco para seqüestrar e torturar a insolente filha dos ricos do último andar. Os bravos e fortes vindos de todos os horizontes para brilhar e conquistar a glória. Os homossexuais, enlaçados dois a dois. Os adolescentes que se amam. Os pintores, músicos e escritores cujas obras ninguém compra. A grande e valorosa tribo dos perdedores, loser em inglês, em russo niedudatchnitki. Eles virão todos, pegarão em armas, ocuparão cidade atrás de cidade, destruirão os bancos, as fábricas, os escritórios, as editoras, e eu, Eduard Limonov, marcharei na coluna da frente e todos me reconhecerão e amarão”.