Escândalo da JBS estimula o jornalismo da pós-verdade em Mato Grosso do Sul
Todos sabem o que significa pós-verdade. Trata-se de um fenômeno antigo, mas que foi amplamente turbinado na campanha eleitoral de Donald Trump: pega-se uma notícia duvidosa, ou uma mentira deslavada, anexe a ela documentos esquisitos, coloque o nome da Polícia Federal, acrescente alguns ingredientes do escândalo do momento, e, pronto, tem-se a notícia "verdadeira"a ser espalhada pela rede.
Daí em diante é fácil: pegue-se um advogado, promotor, procurador ou juiz inescrupuloso e faça com que se dê uma aura oficial à denúncia, transformando uma notícia falsa em algo que ganha ares de verdade enquanto a imprensa séria não investigue e publique os fatos como eles verdadeiramente são.
Com o escândalo da JBS a famosa mídia do jabá de Campo Grande entrou no jogo para criar notícias falsas e embaralhar o jogo político. Trata-se de inventar realidades paralelas para atender interesses de grupos políticos localizados. Sempre corre dinheiro ilícito nas mãos desses personagens inescrupulosos.
Veja o exemplo:
No último fim de semana um dos blogs mais ligados ao movimento da pós-verdade de Campo Grande publicou com estardalhaço a seguinte notícia: “Policia Federal investiga repasse milionário feito por Marquinhos Trad a JBS”.
O jornalista, criador desse "fato alternativo", não teve sequer o trabalho de verificar dois dados elementares:
- primeiro, o convênio, realizado por determinação do Ministério da Agricultura, com a empresa, existe desde o ano 2000;
-segundo, que não é a prefeitura quem faz repasses a JBS no âmbito do convênio, mas o contrário: é a JBS quem repassa dinheiro para prefeitura fazer ações de desenvolvimento econômico no âmbito da SEDESC.
Enfim: não há repasse da prefeitura para a JBS, nunca houve , mas a notícia inventada prospera na rede, aproveitando o clima de vendetta que se instalou na sociedade.
O convênio foi assinado com a a anuência do Ministério Público do Trabalho há muitos anos em outra gestão.
Há farta documentação registrando os fatos. Mas quem se interessa por eles quando há um clima emocional favorecendo a existência de mundos paralelos?
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