Pages

Atendimento médico em questão


Está chegando ao meu conhecimento todos os dias que muitos médicos do serviço público municipal de Campo Grande estão boicotando o prefeito Marquinhos Trad. 

De acordo com depoimentos, isso não é a primeira vez– nem será a última – que acontece. Outros prefeitos sofreram com o mesmo problema.

É difícil apurar se há, de fato, uma organização azeitada para travar o atendimento a pacientes para criar um ambiente político deletério na cidade. 

Não consigo enxergar homens e mulheres encontrando-se na calada da noite para combinar uma ação para desestabilizar um setor essencial para a vida de cidadãos e cidadãs que pagam impostos e precisam de atendimento médico. 

Mas as denúncias são recorrentes. Coisas comezinhas como operações tartarugas, falta  ao trabalho, tratamento rude e indiferente, até coisas mais sérias como alegar falta de medicamento (quando, na verdade, eles estão disponíveis), negligenciar o sofrimento de quem sente dor, fazendo com que eles percorram outras unidades em busca de atendimento especializado.

Para muitos, trata-se de atitudes políticas calculadas para causar desgaste e aumentar o poder de barganha de uma classe profissional conhecida pelo corporativismo exacerbado. 

Uma parcela da mídia respalda essas atitudes fazendo o jogo sórdido do denuncismo, apostando que a cobrança ao gestor pode agradar à população transformando médicos em santos. 

Nos últimos tempos, parece haver uma mudança na percepção das pessoas. Elas estão sacando que categorias usam os cidadãos como fantoches para arrancar vantagens do administrador de plantão. 

Médicos são cada vez mais vistos como pessoas sórdidas, gananciosas e ineptas. A profissão estimula uma gradual desumanização, levando à coisificação das pessoas. 

Não demonizo a profissão inteira. Há médicos e médicas – creio que a maioria – humanistas, corretos e decentes. Sou testemunha disso.

Mesmo assim, usar a população mais carente como massa de manobra para ter pleitos corporativos atendidos não tem nada a ver com os requisitos éticos necessários do exercício dessa nobre atividade.

E o problema é que o tema está ganhando as ruas.