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Mochi parece ser um caso clássico de vida em mundo paralelo


A Operação Lama Asfáltica produz monstros. O site Topmídianews publicou reportagem mostrando diálogos interceptados pela Polícia Federal entre o presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Júnior Mochi, com o empresário João Amorin. 

Veja aqui.

A conversa envolve o governador Reinaldo Azambuja. Trata-se de um diálogo encoberto por subtendidos. Quem conhece o riscado sabe das mumunhas. 

O mesmo acontece em  praticamente todo o País. A classe política parece afundar nesse cipoal de sugestões entre dizer e não dizer, embora todo mundo saiba do que eles estão falando. 

Ninguém se salva. Gravações interceptadas, delações premiadas, vazamentos processuais,  todas essas coisas revelam um sistema relativamente bem organizado para drenar recursos públicos para bolsos privados. Não se trata de merreca. Pelo visto, é uma fatia expressiva do PIB. 

Somando tudo aquilo que se roubou e se rouba nas esferas municipais, estaduais e federal é provável que a crise brasileira pudesse ser menos aflitiva do que está sendo. Não pra saber exatamente quantos bilhões foram subtraídos porque, como se diz, o bom ladrão não passa recibo, apesar de as grandes empreiteiras terem institucionalizado suas diretorias de pagamentos de propinas.

A conversa entre Mochi e Amorin ( os personagens poderiam ser outros) mostra que existe uma mentalidade perversa operando as cordinhas num mundo paralelo que o cidadão comum não habita. 

Qual é esse mundo “naturalizado” pela grande maioria das pessoas que operam dentro dessa cloaca? 

É aquele que um dia um ex-presidente da República afirmou que é algo que “todo mundo faz”. 
Melhor: é aquele mundinho que é abstraído como algo inerente ao ser humano desde quando ele desceu dos galhos e começou a correr pelo chão das savanas em busca de caça.

É o mundo de Cabral, Cerveró, Delcídio, Renan, Lobão, Sarney, etc, etc, etc...

Na verdade, esse tipo de diálogo entre o presidente da Assembléia e um empresário controverso, envolvendo lateralmente o governador do estado, é o mesmo de quem não vê diferença entre negócios públicos e privados. Nunca lhes passaram pela cabeça conceitos como republicanismo, ética da responsabilidade , relações diferenciadas entre Estado e empresa. 

Todos são homens de negócios. Isso não é um pecado em si. Discutir ganhos financeiros, cumprimentos de contratos, acertos de graninhas extras está dentro do padrão do capitalismo. 

A diferença é que agora isso causa certa perplexidade entre pessoas decentes, principalmente  quando se trata de dinheiro público. Ninguém mais fica indiferente às chamadas “tenebrosas transações” que vem ocorrendo entre os poderes. 

A sociedade não está aceitando o modus operandi daqueles que ocupam os espaços do poder institucional e ficam ricos só com mumunhas e artimanhas. Isso precisa parar.

Me desculpem a ingenuidade,mas toda a vez que isso ocorre fico me perguntando as razões pelas quais esse pessoal – bem situados economicamente na escala social – acha razão para fazer esse tipo de coisa? 

Qual a graça que se tem de roubar mais e mais? 

Ganância? Poder? Consumismo? Vaidade? Complexo de classe média baixa ?

Esse hedonismo vulgar é incompreensível. Qual riqueza essa gente almeja que já não se tenha de sobra. 

Pergunto: Mochi vai ficar mais pobre por falta de um pijuleco?. João Amorin deixaria de ter um carrão bacana, uma casa legal, viagens à Europa, se deixasse de fazer tramóia? 

Outro exemplo: O governador Reinaldo Azambuja é um homem sabidamente rico, tem dinheiro de sobra para que ele e suas próximas gerações vivam no fausto, certo?

Pra quê transformar o Estado numa extensão de seus negócios privados?  

Para satisfazer os apetites de Sérgio de Paula? De Nelson Cintra? De Márcio Monteiro? Do Careca Nazi ? 

Não consigo compreender. Me expliquem, por favor!

Se não for ganância, narcisismo, arrivismo, o pagamento da faculdade das crianças? O que é que isso significa? 

Qual o conceito? Qual a lógica? Qual a verdade? É só questão de poder? É só o lance de ficar rico? 

Me expliquem. Existem milhões de pessoas querendo saber!