Juízes e OAB/MS entram em conflito por causa de assassinato de empresário
A Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul (OAB/MS) e a Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul (Amansul) entraram ontem em rota de colisão por causa do assassinato do empresário Adriano Correa do Nascimento pelo Policial Rodoviário Federal Hyun Su Monn, coreano que obteve cidadania brasileira em 2010.
A OAB manifestou perplexidade com a decisão do Juiz José de Andrade Neto, que concedeu liberdade provisória ao policial depois de preso, declarando que o crime foi cometido em legítima defesa.
A Amansul emitiu nota contestando, declarando que Su Monn deve ter seu direito de defesa preservado, afirmando que é "impensável que uma manifestação desse tipo parta de uma instituição que tem por dever a defesa dos direitos fundamentais".
O que está patenteado no caso é que tanto a polícia como os representantes do judiciário estão exacerbando posturas corporativistas porque há muitas pontas soltas no caso. O PRF demonstrou ter agido com total desequilíbrio emocional ao fazer a abordagem de três rapazes que saiam de uma festa, o que o levou a desferir 7 tiros, dos quais 5 atingiram a vítima.
Considerado exímio atirador, Monn - de acordo com testemunhas - atuou de maneira fria e calculista, o que acrescenta ingredientes estranhos ao crime.
É evidente que o juiz José Andrade Neto devia ter sido mais cauteloso. O caso não foi trivial. A OAB está correta em cobrar de maneira veemente uma postura mais adequada do judiciário, pois a entidade representa os valores da cidadania acima das tecnalidades da legislação.
O presidente da OAB, Mansour Karmouche, pretende reunir nesta quarta-feira os advogados para discutir todos os aspectos da questão.