Educação da boca pra fora
Todos sabem: a educação brasileira é uma porcaria. Os resultados dessa realidade não estão apenas nos índices de qualidade divulgados todos os anos. Isso é apenas consequência de décadas de descaso, falta de recursos, desvalorização e falta de planejamento.
Mesmo assim, há um exército de abnegados lutando para mudar isso: insistem no debate de que a saída pela educação é a única possível para reverter nosso secular processo de atraso e regressão cultural. Mas o esforço tem sido em vão. Olhando os números parece que a coisa não anda.
No meio de tanta gente bem intencionada, parece prevalecer no setor grupos demagógicos que transformaram o tema num negócio lucrativo e politicamente vantajoso. Existem aqueles que só defendem a educação da boca pra fora: é um jeito de fazer pose de "gente do bem". Ou seja: produz muita fumaça mas pouquíssima energia.
Enquanto a palavra EDUCAÇÃO não significar compromisso com a verdade, continuaremos a assistir a toda eleição promessas que visam apenas ganhar as cabeças das corporações, deixando a sociedade assistir inerte seus filhos transformando-se em analfabetos funcionais, não conseguindo fazer diferença entre informação e conhecimento. Esse é o drama essencial.
Vejam essa reportagem publicada hoje na Folha de S. Paulo. "Quase a metade dos professores do ensino médio do país dá aulas de disciplinas para as quais não tem formação específica. O problema atinge redes públicas e escolas privadas e é mais grave em algumas matérias, como física.", afirma a FSP.
No fim da leitura, sobra desesperança. Não há saída de médio prazo. Olhando as perspectivas para os próximo 50 anos, certamente teremos um País muito pior. Isso não é pessimismo. É apenas senso de realidade. Os governantes tem a chance de agir desde já. Mas não há projeto e muita conversa fiada.