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2017 começa sob a insígnia da barbárie


O ano começou com o noticiário bombando sobre atos de violência e barbárie em vários pontos do País. 

Em Campo Grande o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, matou a tiros o empresário Adriano Correia, de 33 anos, alegando legítima defesa, por causa de uma briga banal de trânsito. 

O caso ainda permanece na obscuridade porque o atirador, depois de se entregar à polícia, foi solto sob ordem judicial. O Presidente da OAB/MS, Mansour Karmouche, protestou, em estado de perplexidade. "Tá tudo errado", afirmou ele.

Seria conveniente que a polícia esclarecesse o caso em detalhes porque o cheiro de impunidade e corporativismo exala cada vez mais forte à medida que os fatos chegam ao conhecimento público. 

As características do crime indicam que Moon, um atirador profissional, não tinha pré-requisitos psicológicos para portar armas. Sete disparos por causa uma confusão no trânsito, convenhamos, é algo incomum em se tratando de quem tem experiência no ramo. 

Da mesma forma,  a chacina ocorrida em Campinas no dia do revellion com a morte de 12 pessoas pelo técnico de  laboratório Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos, que após o crime se matou, num ato que chocou a cidade do interior paulista. 

Segundo a Polícia Civil, ele quis se vingar da ex-mulher que ficou com o guarda do filho.

Hoje, a rebelião  no maior presídio do Amazonas, que deixou 56 mortos numa guerra entre facções, mostrou a face tenebrosa do sistema penitenciário brasileiro, que está prestes a explodir em todo o País. 

A pergunta que fica é a seguinte: esses acontecimentos são pontuais, inflados pelo noticiário, ou pertencem a um contexto amplo de violência estrutural que começa a despontar em meio a um País em crise?

O ano começa mal. Espera-se que os fatos desses primeiros dias sejam eventos descolados em sua terrível especificidade. Mesmo assim, eles são sinais de alerta de que o verão brasileiro não se resumem a festa, alegria e confraternização entre amigos