Parece que o presidente Michel Temer entrou numa maré de azar depois do impeachment de Dilma.
Na segunda-feira passada o cenário era o seguinte: depois da decisão do Senado, com a saída de Dilma, o novo presidente estaria livre para colocar sua agenda na praça e tentar reverter a onda de pessimismo que assola o País.
O ponto central dessa estratégia seria a reunião do G-20.
Na China, Temer fecharia contratos, conversaria com os líderes das maiores economias mundiais, se apresentaria ao establishment, mostraria todo o charme e veneno do novo presidente brasileiro.
Na esteira desse processo, dissiparia a ideia do golpe, reforçaria a imagem de que o Brasil tem compromissos sólidos com a democracia, mostraria que temos fôlego para recuperar a economia, retornando, assim, com a taça nas mãos. Na teoria tudo certo, na prática...
Renan e Lewandowisk não deixaram. Fatiaram a votação no Senado e provocaram o maior imbróglio político-jurídico dos últimos tempos.
Até o momento não se sabe ao certo o que aconteceu.
Paira um mistério no ar. Ninguém ainda conseguiu contar essa história direito: quem deu a ideia, como ela foi articulada, com quais intenções; enfim, o que tem por trás dessa maluquice.
Até o momento conhece-se alguns protagonistas: a senadora Kátia Abreu, um deputado do tocantins, Renan Calheiros e Lewandowisk.
Hoje a ex-presidente Dilma declarou ter achado essa decisão "estranhíssima".
Notem: como ela pode achar estranha a queima da Constituição para beneficiá-la?
Renan, alguns ministros do STF, a advogada Janaína Pascoal, parlamentares moderados e até do PT, além de analistas da imprensa deram entrevistas hoje tentando colocar panos quentes, afirmando que a decisão dos senadores é soberana e que se deve tocar a vida e deixar Dilma pra lá. Infelizmente, não será assim tão fácil.
Por enquanto, tem mais de dez ações no Supremo pedindo a revogação da votação, nesse quesito. Não há boa vontade com Dilma.
Ou seja: vai ser difícil e complicado.
A concessão de suas prerrogativas políticas já gera consequências.
Eduardo Cunha - que poderá ser julgado na próxima segunda-feira - quer o mesmo, igualzinho, e até o ex-senador Delcídio do Amaral recorreu ao Supremo pedindo a anulação de sua cassação e de seus direitos.
Pau que bate em Chico, bate em Francisco.
Enfim, o Brasil para que não consegue sai do lugar. Parece impossível mudar de fase.
Pra piorar, o PT e satélites mantém uma molecada doida nas ruas - e nas redes - pedindo "fora Temer", sem contar o movimento do grevismo selvagem que parece se articular para virar o País de ponta-cabeça nas próximas semanas.
O novo presidente viverá o chamado "setembro negro", sendo testado ao seu limite.
Rezemos.