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Pedro Mattar: O banho do pardal


Para os que não conhecem a vida e os costumes dos pardais, pretendo contribuir com algumas informações que poderão ser úteis em algum momento, sei lá quando. Há um consenso de que o pardal surgiu na Europa Meridional há 2 milhões de anos e a diáspora dessa ave, pertencente à família dos proctoneidos, se deu a partir de um determinado período invernal rigoroso, que provocou sua fuga à Africa setentrional e posteriormente aos Estados Unidos, Cuba e depois o Brasil. 

Sabe-se que os pardais são aves que vivem em grupos fechados e se relacionam exclusivamente entre eles, não havendo casos de cruzamento com nenhum outro tipo de animais semelhantes. Dizem os especialistas que os pardais são bem-humorados e, na maneira deles, contam piadas entre si. Pardais riem.

Entre essas aves existe o mito de que pardais são capazes de voar distâncias de mais de quinze mil quilômetros sem fazer nenhum tipo de pouso. A envergadura média da asa de um pardal, com idade acima de dois anos, chega a 32 centímetros e o seu deslocamento no ar, contra ventos médios de 33 quilômetros, contrários, chega a atingir cento e doze quilômetros horários. Para quem não sabe, o fator que contribui decisivamente para a extrema velocidade alcançada pelos pardais é em razão de seus bicos serem compostos da mesma matéria que compõe o titânio, ultraleve e extremamente resistente. Por esse detalhe supera a velocidade dos gaviões marrudos da Mauritânia, “tidos com os reis do céu” .

Certas características dos pardais, como a sua extraordinária aerodinâmica, inspiraram os cientistas aeronáuticos norte-americanos a desenvolver o mais rápido jato militar já construído. Me refiro ao super avião invisível XL – 1000, que atravessa países sem ser detectado por radares. E é o único equipamento com capacidade de transportar ogivas nucleares de até dez toneladas, como faz a pardoca com seus enormes ovos no bojo de seu ventre. 

Trata-se, o pardal, de um pássaro com o mais alto coeficiente de inteligência e não é à toa sua associação, criada pela Walt Disney, com a figura do Professor Pardal. No Brasil, nas disputas de beirais de telhados com as residentes andorinhas, os pardais se destacam como únicos da espécie que aceitam o homossexualismo como pr&aacu te;tica recorrente entre seus semelhantes, tanto que a união entre pardocas é prática comum.

Um dos cuidados adotados pelos criadores contemporâneos de pardais e pouco difundidos, é o sistema de banho recomendado aos pardais em cativeiro. Há uma necessidade básica de manter alguns padrões, já por que as mesmas interferem no comportamento psicológico dessa espécie, mais que em outras. 

A temperatura da água com que se banha um pardal deve estar rigorosamente a 68 graus Celsius e o banho deve ter inicio debaixo das asas, elevadas simultaneamente em um arco frontal de 97,3 graus, com a manutenção elevada do bico e lavagem tépida com cotonetes esterilizados nas equivalentes axilas da ave. Os pés do pequeno animal não devem ser limpos com o mesmo cotonete utilizado no corpo e nas penas, pois os pardais sendo insetívoros expelem entre as penas pequenas partículas de suor impregnadas de germes corrosivos, facilmente transmissíveis nas regiões de suas patas. Essa precaução evita contaminações indesejadas.

A preocupação com os banhos de pardais procede pelo forte impacto que esses pássaros exercem no equilíbrio ambiental e sobre outras espécies, caso das corruíras e dos tico ticos.

Alguns ambientalistas taxam os pardais de mau caráter, briguentos, mas a verdade é que eles são cordatos e não apreciam confusões, apenas são metidos nelas contra a vontade. Outro fator que recomenda rígidos padrões nos banhos a pardais é a extrema sensibilidade sexual desses pássaros, que de forma comum atingem orgasmo simultâneos ao serem friccionados na região glútea, seja com dedos ou cotonetes. Os pardais são monógamos e a cada estação de acasalamento piam em chamamento de pardocas que os atendem mais que prontamente. Embora sempre predispostos ao sexo, os pardais podem sofrer colapsos pela sequência de orgasmos, chegando não apenas ao desfalecimento, quanto à morte.

Pois bem, senhores leitores, agora chegou o momento de confessar que eu não entendo porra nenhuma de pardais ou de pássaros. O máximo que me aproximei de um foram os cinco metros que distanciam a calçada de um poste na rua. Tudo o que escrevi ai em cima é pura invenção e eu não faço a mínima ideia de como são os hábitos, o que pensam e agem os tais pardais. Minha tese é que se você chegou a acreditar nas minhas mentiras por pura ignorância sobre o que escrevi, afirmo que deve ter aceitado alguns fatos durante sua vida por não ter como contestá-los.

Minha recomendação é que vocês, prezados leitores, jamais aceitem verdades proporcionais à ignorância da hora. Recusem aceitar a sedução de textos com citações técnicas e convincentes, apenas porque foram bem escritos. Contestem a lógica, o conteúdo, o sentido e a puta ou o puto que o pariu. Não aceite os fatos como eles chegam. Se você um dia chegar a dar banho em um pardal seguindo as regras acima, eu juro que me suicido.