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Depois das eleições, Azambuja muda o governo


Parece que finalmente está caindo a ficha do governador Reinaldo Azambuja: ele começa a reconhecer que escolheu o pior secretariado possível em 2014.

Não foi por falta de aviso. Desde a montagem da equipe de transição até a escolha do secretariado, o governador cometeu erros graves, fazendo escolhas políticas e familiares que hoje apresentam-se erráticas e equivocadas. 

O governador tem feito pesquisas de avaliação de sua gestão, mas os resultados são sofríveis. Os institutos responsáveis pelos levantamentos tem que fazer um esforço de maquiagem para mostrar para a população que o Governo tem uma imagem positiva. "Atualmente o Governo vive de autoilusão", assegura um velho ex-deputado conhecedor das intimidades do poder.

Ele diz o seguinte: o governador Azambuja sabe que, caso não haja um arejamento da máquina, no próximo ano os índices ruim e péssimo tenderão a crescer, superando os números que apontam uma gestão regular, com tendência negativa.

Deputados e pessoas próximas ao poder vislumbram mudanças em várias áreas. 

Secretaria de Fazenda e Casa Civil estão na mira. Márcio Monteiro é tido como "preguiçoso" e Sérgio de Paula como "problemático, encrenqueiro e ciumento". 

Monteiro seria indicado para uma vaga no Tribunal de Contas, no lugar reservado por Marisa Serrano, e, De Paula, seria titular de uma secretaria vinculada às políticas do interior do Estado. Ficaria longe das articulações do dia a dia governamental.

Os titulares do Detran e Fundação de Turismo, por outro lado, não se sustentam. 

Por incrível que pareça a Ageprev, sob o comando de Jorge Martins, tem hoje o melhor nível organizacional do governo. 

Recentemente, Azambuja ficou impressionado com os resultados do senso previdenciário apresentado por Martins, um setor que poderá garantir sustentabilidade nas contas governamentais em médio prazo. 

Muitos acham que Jorge seria um excelente nome para substituir De Paula. "Ele sabe fazer tudo que o Sérginho faz, com uma grande diferença: é bom negociador, habilidoso, culto e estudioso", comentam. 

Há quem diga que, além de tudo, Jorge sabe se comportar a mesa, algo que De Paula não consegue. "Ele parece um selvagem quando come", ironiza. 

Outro nome impossível de se manter é o de Nelson Cintra. 

Azambuja recentemente tentou indicar a ele a impossibilidade de mantê-lo, mas Cintra não gostou e fez ameaças veladas ao governador. 

O diretor-presidente do Detran/MS, Gerson Claro, acumula muitas denúncias e é fator de desagregação dentro e fora do Governo. Como ele foi indicação de um dos filhos do governador, será mais fácil removê-lo. 

Em vários setores, Azambuja pretende fazer alterações de fundo. Ele no íntimo considera que "houveram nomeações sem critérios e de pessoas sem competência para o tamanho do desafio apresentado". Ele tem dito que a "fase de experiência acabou, temos que alterar o jogo". 

O fato é que o governador está percebendo que sua administração pode piorar. "Se o PSDB perder a eleição na Capital e nos principais municípios do interior - uma possibilidade palpável -, aí as mudanças terão que ser radicais, pois dificilmente Azambuja terá força para se reeleger", afiança um analista que habita a governadoria.