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A cultura do medo



“Os jornalistas, os políticos e outros formadores de opinião fomentam o medo em relação a determinados grupos sociais, tanto por aquilo que apregoam como por aquilo que não divulgam”. A frase é boa.

Assim como essa, outras grandes frases podem ser encontradas no livro de Barry Glassner, “Cultura do Medo”, editado pela Editora Francis, lançado em 2003 no Brasil. Exemplo: "como cientista social, fico impressionado e um tanto envergonhado por constatar que jornalistas, com mais frequência do que estudiosos da mídia, identificam o embuste para fazer com que pequenos perigos pareçam grandes e grandes perigos desapareçam de vista".

Glassner é professor de sociologia na Universidade da Califórnia do Sul (EUA) e ativo articulista da imprensa americana. Seus textos são publicados no New York Times, Los Angeles Times e outros órgãos da grande imprensa americana.

Esse livro torna-se um manual instrutivo na atualidade por conta dos supostos atentados terroristas que, supostamente, poderiam acontecer nas Olimpíadas.

Não que a obra trate diretamente do assunto. Não há nenhum capítulo referente ao terror de grupos islâmicos.

O livro mergulha em temas do cotidiano: crime, drogas, doenças, fúria o trânsito, crianças assassinas, vírus etc, etc, etc. Trata-se de um compêndio das paranoias modernas que a mídia e as autoridades manipulam para tentar criar pânicos distrativos com o fito de controle social e obtenção de lucros.

Depois de ler “Cultura do Medo” percebemos com clareza como as massas ignorantes estão sujeitas a seguir a manada quando colocadas diante de temas que mexem com temores ancestrais.

Pessoas com medo são sugestionáveis. Compram até terreno na lua. E o livro de Glassner vai até a medula na análise desse processo.

Imperdível.