Tempos atrás a MS Gás lançou na
praça edital de concorrência (licitação) pública para escolher um veículo de
comunicação do Estado para publicar seus balancetes anuais. O critério era o
menor preço. Muito bem. As empresas foram à luta e apresentaram suas propostas.
Venceu um jornal diário da Capital.
No último mês de abril a MS Gás
publicou seu balanço de atividades no referido jornal. Correto. Tudo como manda
a lei. Mas constatou-se que o mesmo documento foi publicado em outro veículo.
Tudo colorido e suntuoso. Enfim, errado e ilegal. Mesmo porque a conta quadruplicou
de preço.
Nesse momento entra em ação a
assessoria de imprensa da MS Gás e solicita que o jornal vencedor da licitação não
faça nenhuma reclamação formal sobre o ocorrido, porque “questões políticas”
entraram em pauta e a MS Gás foi “obrigada” a atender interesses do outro
jornal que havia perdido a concorrência. Tudo muito estranho.
Nesse contato, houve então uma
advertência amigável: se o jornal vencedor da concorrência pública não registrar
reclamação o assunto poderá ser questionado pelo Tribunal de Contas do Estado
(TCE), fazendo com o dinheiro fosse devolvido. No que a assessoria respondeu: “fica
tranqüilo, lá em cima tá tudo resolvido”.
Trocando em miúdos: uma empresa
pública faz licitação para seguir a lei e economizar dinheiro público. Em vez
de gastar R$ 25 mil com um veículo, é obrigada a desembolsar mais R$ 63 mil por
“questões políticas”. O que o
contribuinte tem a ver com isso?
Alguns podem até comentar: mas o
que é R$ 88 mil para uma empresa como a MS Gás? Mixaria. Pode ser. Mas foi com “mixarias” que nasceu o
mensalão e a Operação Lava Jato. Por favor, não subestimem a inteligência do
público.