O mundo Árabe está novamente em chamas e eu secando o Palmeiras no Torneio Mundial de Clubes, na América. No intervalo, mudo de canal quando vejo um uma analista de sofá dizendo que o problema do Oriente Médio é a presença Israelense, desde 1948, naquela região do Oriente Médio.
Se o Estado judaico não existisse, provavelmente não teríamos guerras por lá e a paz, essa utopia redentora, reinaria para sempre na região, tal como a canção de Gilberto Gil, com o mesmo tema.
É assustador que em pleno século XXI, um sujeito emita esse tipo de opinião sem ao menos saber sobre guerra Irã x Iraque e a sangria dos civis do Iêmen.
A Síria dos últimos anos é um completo colapso democrático. E a morte entre curdos e turcos, então, é coisa de outro mundo.
Se o povo israelense fosse banido daquela faixa de terra, as rivalidades entre sunitas, xiitas ou cristãos continuariam a transformar o Oriente Médio num verdadeiro inferno.
Afinal, ninguém se comove com os horrores cotidianos no Sudão ou na Líbia. O que atrai indignações é a simples existência do povo judeu, matéria prima para “especialistas” de ocasião.
Mas há um segundo engano recorrente, não menos grave: a suposição de que ainda se trata de um conflito territorial entre israelenses e palestinos. Isso é uma ilusão.
A ideia dos “dois estados” sobrevive no papel, mas é uma ideia envelhecida, cuja origem remonta a 1937, quando foi constatado pelos britânicos que judeus e árabes não conseguiam (e talvez nunca consigam) compartilhar o mesmo solo sagrado da Torá, Bíblia e Alcorão.
Nada mudou desde então, a não ser o aprofundamento das impossibilidades. O Acordo de Oslo, com toda a sua ambiguidade, foi a última tentativa racional.
Aceito pelas lideranças políticas de ambos os lados, foi sabotado pelo Hamas e Hezbollah. Os radicais nunca quiseram dois estados. Só um - e sem os judeus.
O que resta hoje é um conflito que virou teologia armada. Um jogo de soma zero, onde coexistir tornou-se um insulto. Ou sobrevive Israel, ou impõe-se um Estado palestino teocrático, sem espaço para a pluralidade, a dúvida ou a paz.