I
Vejo que a prefeita Adriane Lopes está cambaleando. Tá com cara de que vai levar um tombo.
Inteligência não é o seu forte. Ela é um tipo de Bernal de saias. Abriram-se várias frentes que podem desembocar no seu ocaso. Ela pode ser jogada na lata de lixo da história.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu à Justiça sua cassação por compra de votos na última eleição. Diz que reuniu provas robustas. Na verdade, todos os candidatos compraram votos. Talvez Adriane tivesse mais dinheiro e comprado os votos nos lugares certos. Ganhou a parada e começou a fazer lambança. Não há santidade em casa de tolerância.
A segunda frente abriu-se na Câmara de Vereadores com a CPI dos Ônibus. Na verdade ali será o palco do teatro que visará desgastar a imagem da prefeita até o rés do chão. Claro que qualquer pessoa informada sabe que as empresas de transporte coletivo servem há muitos anos de caixinha para a classe política fazer suas transações no mercado secundário. É um caixa 2 que lava dinheiro para que se turbine o conforto e bem estar de muita gente. Como eu disse, não há santos neste puteiro.
Por fim, Adriane vem consolidando a impressão de que é a gestora mais incompetente da história da cidade. Sabia-se disso antes da eleição ? Sim, com certeza. O problema é que de outro lado estava Rose Falsiane Modesto junto com sua curva de rio. A imaginação nos diz que com a Morena seria pior. Se ela tivesse vencido a eleição, é bom provável que o quadro seria mais caótico.
Mesmo assim, Rosiane agora flutua na dúvida, fazendo campanha em Campo Grande montada num cargo fictício do Senado. Esse cenário todo é surrealista. Parece um quadro de Bosch. Mas uma pergunta ecoa no ar: cadê Teresa?
II
Como todos sabem, vivo no exílio. Mas acompanho de perto a política sul-mato-grossense. Às vezes apareço em Campo Grande, converso com quem posso, me escondo dos desafetos, e procuro frequentar lugares que sei que meus inimigos estão distantes.
Nem sempre é possível. Outro dia, fui participar de uma audiência judicial no Fórum da cidade como testemunha de um processo que a campanha de Beto Pereira está movendo contra Rose Modesto e o Midiamax e, vejam só, lá encontrei uma besta quadrada que me ameaçou na antessala de audiências, com todos aqueles xingamentos de praxe, afirmando na frente de inúmeras testemunhas que o juiz do caso estava no bolso dele porque ele era rico e eu um pobre coitado.
Enfim: ele gritava como louco de hospício que eu estava "fodido". Não sei que fiz para nutrir tanta ira? Pedi auxílio aos meus amigos Ricardo e Jucy Bacha, mas ele estão noutro planeta e nem me deram atenção, dando-me a impressão que estão a-do-ran-do ver o circo pegar fogo.
Moro numa comunidade praiana em Florianópolis com menos de 1 mil habitantes. É certo que no alto verão a população quintuplica de argentinos, mas isso acontece em todo o litoral brasileiro. Todo mundo desce ou sobe. É uma loucura.
Próximo de onde moro um sujeito alugou uma casa de três andares há vários anos e, neste fim de semana, surpreendentemente, viemos saber que quebraram todas as parede internas da residência e montou-se uma sofisticada estufa para produção de maconha.
Tudo com a mais avançada tecnologia. Ninguém morava no local. Apenas um rottweiler gigantesco. Realmente, o crime organizado é muito bem organizado. Segundo a política, a maconha era de altíssima qualidade e servia ao mercado americano e europeu.
Brother, acho que seria melhor liberar a droga. Não tem outro jeito.
III
Ouço relatos de que a intenção do ex-governador André Puccinelli ao cargo de deputado estadual poderá provocar uma debandada no MDB velho de guerra. Não por questões pessoais e sim por contabilidade partidária. Uma candidatura do italiano tiraria a chance de muitos que estão exercendo mandato e outros que sonham em chegar lá na rabeira da legenda. Dizem que o deputado Júnior Mochi e Márcio Fernandes estão incomodados. Estão com medo de sobrar. Com amigos assim, Puccinelli deve estar reavaliando somar forças com seus inimigos. É a política dos homens.
Se Puccinelli for eleito vai querer ser presidente do Poder Legislativo estadual. Menos que isso, não vale.
IV
Outro dia perguntei pelo meu dileto amigo Conselheiro João Leite Schimidt e me falaram que ele se transformou num ermitão, morando confortavelmente numa ilha à beira do rio Coxim. Não sei se é verdade. Mas a fonte é confiável. A solidão faz bem pra saúde. Sou testemunha disso. Posso ler mais, escreve mais (estou escrevendo dois livros) e pintar terapeuticamente (meu novo prazer). De vez em quando viajo, mas acabo não saindo do hotel. Pura preguiça.
O eremitismo foi uma tendência comportamental na Idade Média, mas agora está voltando com força na Era da Modernidade. Já escrevi uma resenha aqui no Blog sobre o livro "A História da Solidão e dos Solitários" do francês George Minois. Vale a pena.
V
Cada vez mais grupos sociais se reúnem para discutir o apocalipse. Estamos retroagindo. Deve ser a falência total do positivismo. Somos bombardeados de maneira implacável pelo noticiário alarmista. O caos já está na esquina. Emergência climática, risco de guerra nuclear. esboroamento dos costumes, teorias freudianas distorcidas que nadificam o ser humano, cultura do medo e do ódio, difusão de fake news, tecnologia digital, inteligência artificial, enfim, uma mistura de elementos psicossociais que nos coloca no fio da navalha existencial durante 24 horas. Não há sanidade que suporte. Há saídas. Não sei. Viva e deixe viver.
VI
O fascismo de corpo e alma assumiu a Globonews e seus comentaristas. Agora eles encontraram três termos que são repetidos ad nauseam, dando a impressão que estão seguindo o manual de 1984 de George Orwell. "Emergência Climática", "extrema direita" e "tentativa de golpe de Estado". É tudo preto ou branco. Não há zonas cinzentas.
Estão tentando manipular o público pela repetição. Ninguém discute conceito, ouve o outro lado ou tentam criar um ambiente interativo para que a manada aqui do outro lado da tela entenda de fato o que está acontecendo.
O identitarismo e o politicamente correto contaminaram as redações intoxicando qualquer laivo de inteligência e humanidade. Triste, muito triste. Não há mais espaço para conversas normais, como vivi nos anos 70, 80 e 90. Saudosismo? Sim. É o que me restou.
Acho que jornalista acha que todo mundo é idiota. Eu sou jornalista há 40 anos e mais da metade deste tempo achava que o público é composto de jumentos togados. Cometi esse erro. Peço desculpas. Só vejo burrice extrema nestes tempos entre petistas e bolsonaristas. Os demais tentam sobreviver, mantendo o nariz milímetros acima deste grande mar de merda que nos inundou.