Impressionante: os Beatles mantém o frescor
criativo desde quando surgiram no mundo
Em novembro de 2023, mais de meio século após sua separação, os Beatles lançaram Now and Then, uma canção que carrega não apenas a voz emblemática de John Lennon, restaurada por inteligência artificial, mas também a prova definitiva da atemporalidade do grupo.
A recepção do single, que rapidamente escalou as paradas de sucesso, confirma um fenômeno incontestável: 63 anos depois, a música dos Beatles continua relevante. Mas por quê?
Apresento aqui minhas hipóteses.
A primeira delas, passa pela qualidade inquestionável do repertório do quarteto de Liverpool. Diferente de tantas bandas que marcaram épocas e depois se perderam no tempo, os Beatles criaram melodias e harmonias que desafiam as barreiras geracionais. “Let It Be” e “Yesterday” não são apenas hits do passado; são parte da memória afetiva coletiva. Se a música pop tem cânones, os Beatles escreveram boa parte deles.
Mas a perenidade da banda não se explica apenas pela sofisticação musical. A reinvenção foi uma constante ao longo da carreira. Entre 1963 e 1970, John, Paul, George e Ringo não lançaram dois discos iguais.
Do rock simples de Please Please Me à ousadia psicodélica de Sgt. Pepper’s, passando pelo minimalismo cru do White Album, os Beatles antecipavam tendências.
Então, se ainda soam contemporâneos, é porque muitas dessas inovações continuam sendo assimiladas por novos artistas.
O impacto cultural também não pode ser ignorado. A banda sintetizou e amplificou os valores de uma geração que buscava liberdade e mudanças. Mais do que um fenômeno musical, os Beatles foram – e continuam sendo – um fenômeno social.
São revisitados constantemente em filmes, documentários e tributos, e sua influência pode ser sentida em artistas tão distintos quanto Oasis, Billie Eilish e até Taylor Swift.
O lançamento de Now and Then ilustra outro fator essencial: a capacidade dos Beatles de atravessar o tempo sem perder relevância. Se em 1995 as Anthology trouxeram “Free as a Bird” e “Real Love” à tona, a tecnologia de 2023 possibilitou o resgate de uma canção inacabada, finalizada com arranjos autênticos e emocionantes.
O passado e o presente se encontraram em uma música que soa surpreendentemente atual.
Isso tudo nos leva a uma conclusão inevitável: a música dos Beatles não pertence a uma época específica. Ela ecoa porque trata de sentimentos e experiências universais – amor, perda, esperança. E enquanto houver quem ouça, haverá Beatles. Os anos podem passar, novas modas podem surgir, mas certas melodias são imortais.
A longevidade dos Beatles não se deve à nostalgia. Deve-se ao fato de que, ainda hoje, ninguém faz música como eles. E talvez ninguém mais faça.