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Segundo turno entre mulheres na Capital mostra que machismo raiz em MS é fake

 

Rose e Adriane disputam o segundo turno 
num quadro de alta imprevisibilidade


Na cobertura jornalística que ontem dominou a imprensa brasileira ouvi uma frase do cientista político Antonio Lavareda, na TV Bandeirantes, que me chamou a atenção: "quem define o segundo turno são os eleitores dos candidatos que não foram para o segundo turno".


Se isso for verdade, no caso do segundo turno de Campo Grande, matematicamente, a candidata do União Brasil, Rose Falsiane Modesto vai ter que rever profundamente as estratégias de sua campanha.

Mesmo considerando que Adriane Prefeitinha Lopes venceu por menos de 10 mil votos , ela também não terá vida fácil. O PSDB sozinho com Beto Pereira somou mais de 115 mil votos. Não é um número desprezível.

Se o tucanato ficou magoado com o jogo bruto de Rose ela terá fazer um esforço descomunal para conquistar esse setor da sociedade porque a soma dos demais candidatos chegou a 57 mil votos, que certamente serão diluídos entre Rose e Adriane, embora insuficientes para dar tração para uma vitória robusta.

Ontem recebi dezenas de mensagens de amigos. Vários acertaram a disputa do segundo turno, outros erraram, eu mesmo considerei difícil Rose subir a escada porque os números das últimas pesquisas e dos trackings mostravam ela em queda, Beto estável (na frente) e Adriane subindo.

Nesta semana os partidos devem se reunir para avaliar o quadro, os erros, os acertos, os culpados, os negligentes, os incompetentes e os traidores. É sempre assim.

A vitória da prefeitinha foi uma surpresa. Um amigo (não vou citar o nome porque foi-me dado em caráter privado), arguto analista de nossa política, me enviou a seguinte explicação: "inegavelmente, há que se louvar a estratégia da campanha da Prefeita. Sua campanha acelerou seus movimentos nos últimos dez dias de forma organizada. Não sei de onde apareceu, de repente, tanta gente falando bem da Prefeita, pedindo voto, apostando nela. Vamos combinar : isso não é coisa de amador. É preciso muita organização e disciplina."

Já outro colega avaliou que a derrota de Beto foi responsabilidade do site Midiamax e as denúncias sobre esquemas no Detran. Respeito a opinião. Mas não acredito que este tenha sido o único fator.

Não vou enumerá-los pois posso cometer injustiças, mas observei que há um problema com o padrinho de Beto, ex-governador Reinaldo Azambuja, embora tenha clareza de que caberá a ele (somente ele) refletir sobre o assunto para compreender porque o eleitor de Campo Grande, mesmo tendo aprovado seu governo, apoiado a eleição de Eduardo Riedel, não lhe concede a tão falada "hegemonia".

Campanhas eleitorais são complexas. É como trafegar numa estrada escura, em alta velocidade, com a luz apagada.

No calor do momento, nunca se sabe se certos comportamentos, falas e decisões impactam positiva ou negativamente em parcelas ponderáveis da sociedade. Coisas acontecem porque tem que acontecer. Não há controle sobre eventos que moldam a consciência coletiva.

Agora, na segunda rodada veremos como o processo sucessório vai se suceder. A peça chave do processo tornou-se a senadora Tereza Cristina. Ela tem uma relação muito aproximada com o governador Riedel. Até onde conheço nossa política, a batata de Rose está assando. Sua situação é complicada. Ela parece ter ultrapassado a linha vermelha com suas tenebrosas armações.

Mas tudo por enquanto é imprevisível. Continuaremos observando.


PS - Não poderia deixar aqui de, num gesto de respeito, manifestar meu apreço pelo colega Eliezer David, o velho lobo, que desde os primeiros dias de campanha, acreditou que Adriane Lopes teria chance eleitoral quando as pesquisas mostravam que sua  aceitação e credibilidade eram apenas poeira no jogo político. Eliezer foi motivo de chacota entre a maioria dos jornalistas da cidade (que cultivam o péssimo hábito de farfalhar em grupos de whatsApp falando mal de tudo e todos pelas costas) pela sua insistência em cravar o nome da atual incumbente como uma possibilidade real de se manter no cargo. Àqueles que de maneira malévola desconsideram as avalições do jornalista (o que não foi o meu caso) agora devem ter o mínimo de honradez para lhe pedir desculpas. É o mínimo que devem fazer, pois a vivência de longos anos neste setor é um ativo insubstituível.