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Dante Filho: Direita e esquerda nas eleições para prefeitura de Campo Grande

Rose terá Bernal e Olarte como figuras influentes 
em sua gestão: salve-se quem puder -

Na semana passada assisti a um vídeo nas redes sociais protagonizado pelo Deputado estadual João Henrique Catan (PL) e pela candidata a prefeita da Capital Rose Modesto (União Brasil).

Catan se esforçava para explicar seu apoio com base em critérios ideológicos. Ele dizia que a candidata Rose era mais de direita do que Adriane Lopes (PP) e isso era importante como critério para a definição do voto.

As explicações de Catan exigiam um grande esforço de raciocínio, tanto é que tive dificuldades de entender o malabarismo verbal. Rose não abriu a boca. Estava constrangida. Mas ninguém recusa apoio nessa hora.

Mas resumindo a opereta: Rose, segundo o deputado, tinha mais compromissos com a direita, pois esteve ao lado do Capitão Contar nas ultimas eleições para o governo. Ela apoiou Bolsonaro (mas ganhou um cargo de Lula) e, por uma série de posturas de sua vida pública ficava então atestado que sua pureza ideológica era incontestável.

No dia seguinte, numa entrevista publicada no Jornal de Domingo, Rose enfim declarou-se (acho que foi a primeira vez na vida) como sendo de "centro-Direita"), ou seja, uma maneira de não dizer nada, no melhor estilo tucano de "ficar em cima do muro" vendo o parquinho pegar fogo.

Na verdade, quem conhece a Morena sabe que se ela leu algum livro na vida, certamente a quantidade não preenche os dedos de uma mão. Conceitos de ideologia ela não tem a mais remota ideia do que seja.

A pauta "direita" e "esquerda" não habita seu universo de valores. Rose é uma mulher pragmática e suas decisões são calculadas na base do "o que vou ganhar com isso?".

Já Adriane Lopes não precisa se preocupar com o assunto (sorte dela) porque em seu entorno está congregado os vários tons de direita, indo de ponta a ponta, alcançando Tereza Cristina, Bolsonaro, michele, Damares, além de inúmeros pastores evangélicos. 

Lopes está abraçada e acolhida pela direitona, não deixando dúvidas quanto a sua escolha ideológica. Já Rose tem um romance de escurinho no cinema com o PT.

Apresentando este fato, com todas as suas implicações externas e internas, achei que o eleitorado de Campo Grande desta vez exagerou no sadismo: colocou o eleitor progressista num dilema crucial. Como se diz na cidade, ele terá que escolher entre o espeto e a brasa.

É um sofrimento danado. Triturando tudo, coando a maçaroca várias vezes, só posso afirmar que o entorno de Adriane é milhares de vezes melhor do que a de Rose.

Vou repetir o que disse no artigo passado: ela aprendeu a conhecer a máquina da prefeitura nos últimos anos e se reinventou como figura humana. Tem problemas de intolerância religiosa, mas é inteligente suficiente para rever isso. 

Não enfrentará muitas brigas por cargos, tem projetos em andamento, não partirá do zero, sabe o caminho das pedras. Ou seja: tem mais ativos em decorrência de ter uma boa equipe e não terá que administrar a ganância de certas figurinhas carimbadas de nossa política. Adriane não é máximo, mas é o que se tem. "Não tem tu, vai tu mesmo"- diz a famosa frase popular.

Rose está perdida. Ela ainda acha que a receita de R$ 6 bilhões do orçamento municipal é "dinheiro sobrando". Ela não olha para as despesas, não sabe a importância do equilíbrio fiscal, não disse até agora como vai resolver a questão dos salários secretos (que está nas mãos do Tribunal de Contas), não contou qual poder de influência terá em sua gestão figuras como Bernal, Olarte, Jerson Domingos, Baiano Murilão, Rinaldo Humildade Modesto, etc, etc, etc.

Não é preciso ser futurólogo para saber que essa turma chegará com sede ao pote. Passaremos anos vivendo brigas e confusão por mesquinharias. E assim a cidade vai se desintegrando até aparecer uma figura disruptiva no estilo Pablito Marçal para destruir tudo.

Oremos.