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Dante Filho: depois não reclamem, os ônibus de Rose e Adriane estão lotados

 

As candidatas Adriane Lopes e Rose Modesto 
estão administrando apoios e apetites

Quem já passou por muitas campanhas eleitorais e foi obrigado a fazer da política sua especialidade, sabe que a partir de agora - conforme se aproxima o dia do voto - vários segmentos da sociedade entram em sofreguidão.

Observando o cenário eleitoral, a intensificação da campanha é uma mistura de desespero, loucura e histeria. Daí provém a polarização. 

Cabos eleitorais e apoiadores nutrem a expectativa de acomodação futura nos espaços de poder. A mídia (com seus publicitários e jornalistas) jogam seus esforços com a perspectiva de cargos e contratos. Vereadores e companheiros de partido prometem emprego e bons salários para seus respectivos entornos.

Enfim: é uma verdadeira carnificina em busca de um lugar ao sol.

Recentemente, um empresário de um grande grupo de comunicação recebeu Rose Modesto e ela  solicitou que ele a apoiasse nesta reta final. Ele respondeu:" não posso fazer isso, vou manter a neutralidade, seu ônibus está muito lotado, não vejo espaço para mim".

No que Rose respondeu: "não se preocupe com isso, não é bem assim,  muitos serão jogados pra fora".

No mesmo diapasão, a prefeita Adriane Lopes vem sendo assediada por pessoas de todas as áreas querendo ficar ou entrar no seu busão. O caso da prefeita é mais tranquilo pelo fato dela ter uma equipe  formada, apesar de que nos últimos dias as demandas fisiológicas estejam crescendo exponencialmente.

Tudo isso, como se diz, é da vida. Cada um se vira como pode.

O empreguismo e o clientelismo estão arraigados na cultura brasileira. Os candidatos falam em meritocracia, concurso público, planos de cargos e carreiras, valorização funcional, mas eles sabem que a questão é complexa, mexe com o equilíbrio fiscal, e assim os séculos passam e o patrimonialismo continua vigoroso a partir da lógica de que em terras brasileiras subir na vida significa ocupar espaços dentro da máquina do Estado.

Muita gente diz que o grande problema da prefeitura são os cargos comissionados. Essa é uma meia verdade. Quantitativamente, do total do funcionalismo municipal, algo em torno de 3 e 5% são servidores que ali estão em cargo de comissão direta.

Mesmo assim, os valores da folha não são escandalosos. O grande problema é que a grande maioria nomeada em "funções políticas" acha-se no direito de continuar em campanha, fora dos períodos eleitorais. 

Essa massa de gente é instrumento vivo dos incumbentes para desenvolver ações eleitoreiras "autorizadas" durante 4 anos de mandato, atendendo os interesses de quem lhes indicou.

Não é fácil.

Neste aspecto, os ônibus que envolvem a ânsia cartorial estão abarrotados. Por isso, tem gente pulando de galho em galho, ora prometendo apoio para Adriane ou para Rose, engrossando o caldo da traição explícita postando vídeos com juras de amor para conseguir uma nesga de brecha numa boquinha, mesmo que seja no fundão do veículo.

Lembrando daquela música de Caetano Veloso ("Quem é ateu e viu milagres como eu...), creio que Adriane Lopes tem maior facilidade de administrar o ônibus lotado do que Rose. Primeiro, ela já tem uma equipe consolidada e chegou até aqui sem ter que fazer grandes concessões nessa área. Segundo, aqueles que têm expectativas de ocupar espaço já sabem de antemão que tudo será pontual.

É diferente a situação de Rose: não haverá lugar pra todo mundo, apesar das promessas e tratativas. 

Caso a Morena seja eleita, muitos entenderão porque ela é chamada de "falsiane". Será tarde para reclamar com o pastor ou o bispo.




PS- De uns dois anos pra cá minha visão tem dado sinais de cansaço. Com isso, como escrevo de maneira instantânea, com pressa e (às vezes) meio raivoso, sofro daquilo que chamamos em jornalismo de "ansiedade da publicação". Este processo é um vício difícil de abandonar. Assim, os leitores apontam sempre um errinho aqui e outro acolá, o que agradeço de coração a generosidade e compreensão de todos. Como se diz, visão curta e dedo bobo, estes são o grande mal do velho escriba.