Envio mensagens pelo WhatsApp para inúmeros oráculos da política campo-grandense perguntando o que as urnas falarão neste domingo de eleição. Silêncio. Penumbra. Ninguém se arrisca.
Alguns ousam responder: não sabem o que responder pela primeira vez na vida.
Outros, chutam os três nomes mais cotados nas pesquisas. Ou seja: Rose, Beto e Adriane tem chances semelhantes para ir ao segundo turno. Para uns e outros, o quadro deixa Rose de fora, ou Beto ou a prefeitinha. Mas ressaltam: "é um mero palpite, quadro complicadíssimo".
Enfim, a incerteza é a única certeza. Vejo nas redes sociais cabos eleitorais conhecidos implorando pelos seus candidatos. É patético ver o desespero alheio.
Os mais paranoicos juram que algo "muito importante" vai acontecer nesta madrugada e que este fato vai mudar tudo.
A vapor das ruas não sinaliza para onde vai o estouro da boiada, já que mais de 40% dos eleitores ainda não decidiram seu voto. Dizem que vão escolher na hora de apertar o botão "confirma" das urnas eletrônicas.
O eleitorado parece um sádico de hospício. Está querendo enlouquecer aqueles que cometem a loucura de tentar compreender a política contemporânea.
Um amigo me liga de São Paulo e desenha um ambiente semelhante lá como se fosse o mesmo de cá. E assim vem ocorrendo em milhares de municípios pelo País afora. Sinal dos tempos.
A grande imprensa vem martelando por esses dias que pesquisa de opinião "não é previsão e sim "informação de tendências". Estão maquiando o assunto. Olhando para os lados. Esse pessoal sempre foi arrogante, dono da verdade, mas agora estão baixando a bola, fingindo humildade..
Mesmo assim ainda cometem o ato falho de divulgar "simulações para o segundo turno". Se isso não for "previsão" então desaprendi o significado das palavras.
A boa questão do momento seria qual a influência das pesquisas na decisão do voto. Mais: qual o percentual que ainda vota no candidato que os institutos apontam como estando em primeiro lugar? Noutras palavras, uma pesquisa para medir exatamente o poder da influência das pesquisas. Claro, ninguém tem coragem de tocar neste assunto.
"Mas aí acabaria a mágica da coisa", diz um amigo que é empresário do setor. Bem, a vida tem dessas coisas, tem gente que gosta de perguntar as maiores maluquices do mundo. Deixa pra lá...
Na década de 90 vários livros sobre o tema diziam que a tendência histórica era a de que 10% do eleitor "não gosta de perder o voto" e segue o primeiro lugar nas pesquisas. Mas os tempos mudaram. O conceito mudou e o eleitorado está muito mais escolado do que antes. Democracia na veia dá nisso.
O fato é que os "especialistas" estão perdidos. Os políticos profissionais idem. Há um vazio impondo uma regra oculta que ainda não deciframos.
O melhor a se fazer, então, é desligar a TV, deixar o celular de lado, conversar com as pessoas sobre assuntos outros, e ligar o famoso "foda-se".