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Rose Falsiane pode fracassar mais uma vez com campanha populista com cara de velha política

Rose Modesto: "tem dinheiro sobrando na prefeitura"

Pesquisas recentes indicam que Rose Modesto (União Brasil) segue na frente na disputa pela prefeitura de Campo Grande. Ela está na faixa entre 30 e 33%, seguido pelo tucano Beto Pereira (entre 15 e 18%) e Adriane Lopes (PP), com 14 e 17%.

Reparem: desde o começo da campanha Rose não altera significativamente os números de sua preferência. Se o leitor(a) for curioso pergunte em seu entorno em quem vai votar. A maioria das respostas será algo em torno de "não sei" ou "não decidi".

As mesmas pesquisas apontam que cerca de 60% dos eleitores campo-grandenses estão flutuando no campo da indecisão, procurando um candidato para chamar de seu, não garantindo uma posição sólida para Rose nem para os demais candidatos.

Ela padece daquele fator estudado nas ciências políticas como "ausência de motivo" para que se crave uma escolha definitiva. "Todos não me agradam, estou procurando o menos pior", é o que mais se ouve na praça.

Rose é nebulosa. Sua imagem gera insegurança. Ela faz uma pregação que se coloca como instrumento de "deus para salvar o povo", não considerando as instituições públicas como elemento de desenvolvimento de ações que possam transformar a vida das pessoas e os rumos da cidade.

Rose tem uma visão estreita de mundo e parece enxergar Campo Grande como um nicho de protegidos das denominações evangélicas que lhe dão sustentação política. Ele pertence ao Centrão no Congresso Nacional e só sabe atuar na esfera do clientelismo e nos acertos do baixo clero.

Rose só fala trivialidades. Não se aprofunda em nada, mesmo porque as pessoas sentem-na como figura rasa, sempre com ar de vítima, escondendo ressentimentos conhecidos em relação àqueles que ela denomina como membros das "elites", grupos tradicionais considerados inacessíveis para aqueles que tem origem humilde, moradores dos bairros periféricos.

Tenho visto algumas propagandas de Rose. Ela não mente de maneira descarada. Disfarça. Mas não inspira confiança nem credibilidade. Quando ela se coloca como executora de obras e projetos reforça a ideia de que tudo foi feito feito com dinheiro de seu próprio bolso e não com recursos dos impostos dos cidadãos.

Seu estereótipo é aquele que a população costuma chamar do "Bernal que usa saias", apesar de verdadeira trata-se de exagero porque ela é mais centrada e não costuma dar tiro no pé.

Ela se apropria dos cargos que ocupou para dizer que fez isso e aquilo, desconsiderando regras básicas do republicanismo. Sei que Rose não está sozinha nesta postura. É natural que candidatos façam desse modelo o fulcro de suas campanhas, personalizando aquilo que é bem coletivo como se fosse propriedade individual.

Mas como Rose tem forte presença e influência em igreja evangélicas ela então confere os cacoetes dos pastores para falar como as coisas acontecem na esfera pública. É pura demagogia - típico da direita populista - que não roga em dizer (embora de maneira nunca explícita) que o eleitor é apenas rebanho para fazer a vontade do divino em torno da personagem terrena que, afinal, é ela mesma.

As crenças e convicções de Rose, até mesmo seu pensamento ideológico, sua formação cultural, suas leituras, seus conhecimentos (a gente sabe que ela toca violão e anima festa), seus afetos, suas viagens, seus sonhos e seus projetos são um mistério.

Com ela não se pensa em camadas profundas; Rose é uma mulher trivial, previsível, nunca se apresentando de maneira transparente, inclusive o que pensa sobre temas mais exóticos como sexualidade, política para drogas, relação com a comunidade LGBT e tantas outras pautas que estão presentes no cotidiano.

Outra sombra que a encobre - e a mídia, de maneira geral, evita tocar no assunto - envolve suas posições políticas verdadeiras, aquelas das tramas de bastidores.

Ela não fala do Governo Lula (que a abrigou na Sudeco até recentemente), não explicita suas relações verdadeiras com a cúpula do PT, não relata suas permanentes conversas em ambientes fechados com o deputado federal Vander Louber e Zeca do PT (candidato a vice-prefeito na chapa de Camila Jara, aliás, um arranjo político esquisitíssimo forjado pela primeira-dama, Janja).

Tem mais: o que Bernal, Gilmar Olarte, Murilão, Marcos Trad, Jerson Domingos terão em troca pelo apoio que estão dando a Rose de maneira tão ardilosa? Nada que seja por amor à Campo Grande, certamente .

Às vezes penso que o eleitorado - respeitando a preferência democrática de cada um - ainda não discutiu seriamente o que os grupos políticos hegemônicos que hoje circundam no entorno de cada candidatura estão querendo em termos de projeto estruturante para Mato Grosso do Sul.

No caso de Rose é fácil responder: cargos, negócios, influência & outras cositas más.

Outro dia ela afirmou em sua propaganda: o problema de Campo Grande não é falta de dinheiro, ressaltando que temos um orçamento de R$ 6 bilhões, recursos suficientes "para fazer muita coisa".

Não é verdade. A receita está abaixo do previsto, não existe sobra de caixa, e até o final de julho as despesas quase chegaram aos R$ 3 bilhões, o que, contabilizando os restos a pagar (R$ 350 milhões, sem contar o repasse de contrapartidas de obras que estavam em curso), os gastos correntes farão que o próximo prefeito tenha que saber lidar com a escassez, dependendo de recursos extras.

Acho que Rose nunca deu uma olhada no site Transparência da prefeitura, sobretudo no quesito dos relatórios quadrimestrais da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Também, pudera, suas preocupações são outras, pois "tem dinheiro sobrando".

Vai dar certinho...