Adriane, Rose e Beto: empate técnico cria tensão
nas campanhas e aumento indecisão do eleitor
A prática de difundir um escândalo de corrupção ou sexual nas proximidades de uma eleição é tão antigo quanto as mentiras que envolvem o personagem de Matusalém, o homem que viveu 969 anos.
É o que está acontecendo nesta semana em Campo Grande com a pancadaria aberta pelo site Midiamax que envolve Beto Pereira numa história sem pé nem cabeça no Detran-MS.
A narrativa jornalística não se sustenta. Mas o jornalismo tem dessas coisas. Sabe-se que a verdadeira razão da contrariedade do veículo (que apoia abertamente Rose Modesto) com o tucano é uma rinha pessoal entre o Carlos Naegele e Reinaldo Azambuja.
Mais do que isso não avanço, pois trata-se de questão de foro íntimo - e nessas coisas não me meto. Sou amigo de Naegele e desafeto de Azambuja. Eles que se resolvam.
No caso, o dano colateral ficou para Beto.
Se Beto perceber que a notícia poderá influir negativamente no processo eleitoral, deslocando os votos de eleitores indecisos para favorecer Rose Modesto ou Adriane Lopes, poderá caber à justiça eleitoral avaliar a contenda e tomar a melhor decisão para salvaguardar a lisura da democracia.
Sou da opinião de que o recurso de usar uma denúncia com o fito de produzir escândalo na boca do pleito demonstra desespero de perdedor.
Claro que isso tudo pode animar cabos eleitorais ativos nas ruas e na internet, causar algum frisson nos comitês de campanha, mas será que os eleitores (escolados como estão) vão cair nessa?
Para que essa jogada desse certo teria que ter um ambiente propício na sociedade de animosidade tal que bastasse uma pequena fagulha para que alguém, com a maior facilidade do mundo, botasse fogo no parquinho.
Não há nada além de poeira fétida no ar.
Alguém se lembra da eleição de Bernal quando filmaram Puccinelli numa reunião com servidores, dando de dedo, apontando como cada um deveria votar. Pois é. Ali havia um cenário de intoxicação com o poder que bastou um vídeo circular num pequeno grupo para viralizar para todo o Estado, derrotando o candidato oficial.
O momento agora é outro. Os candidatos são diferentes. As pesquisas apontam um grande nível de dúvida. As escolhas não estão consolidadas. Os candidatos com mais chance são aqueles que tem os menores índices de rejeição.
Neste aspecto, percebe-se claramente que Rose vem sofrendo um paulatino processo de derretimento, com a gradual aceitação (conformismo até) de Adriane e uma maior aderência a Beto, sobretudo por causa da musculatura política que representa seus apoiadores.
Tenho a impressão de que o Midiamax não conseguirá reverter isso, pois a história do jornalismo em Mato Grosso do Sul não foi construído sob preceitos da imprensa de qualidade (livre e independente) e sim como uma unidade de negócio bruto.
Vivo isso todos os dias. Sou cobrado por leitores sobre o quanto estou recebendo desse ou daquele em função do que publico e como escrevo. Dá preguiça ter que responder isso todos os dias, nem ligo mais, acho graça e toco em frente.
Diante dos acontecimentos, prefiro manter as mesmas impressões desde o momento em que a campanha eleitoral começou: temos três candidatos no páreo (Beto, Rose e Adriane), provavelmente empatados, mas com subida constante de Pereira, estabilidade de Adriane e queda de Rose (seu discurso entrou na fase de fadiga de material).
Daí, todos têm chance de ir para o segundo turno. Será uma disputa complicada.
Depois disso, novos arranjos terão que ser realizados, novos acordos políticos deverão ser revistos, novas combinações com os vereadores já eleitos terão que forçosamente acontecer.
Nesse caso, aqueles que deixarem menos mágoas para trás agregarão mais valor.
Não está acontecendo isso no momento porque o jogo está em curso, principalmente no caso da parceria Rose/Midiamax.
Só que desse fruto, só sairá um gosto amargo de vingança.
Mais não digo. Só depois da contagem dos votos.