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Marquinhos é inocentado de crimes sexuais mais por manobras jurídicas do que pelos fatos denunciados: a verdade ainda não foi revelada


Marquinhos acusa Azambuja de promover uma "armação sexual"
 para destruir sua carreira, e que vai dar o troco no tempo certo


O ex-prefeito Marquinhos Trad - ora correndo o risco de ter sua candidatura impugnada por razões meramente burocráticas da justiça eleitoral, conforme Ministério Público de MS - vem atuando de maneira persistente para mostrar ao eleitorado campo-grandense que foi inocentado pela juíza Eucelia Moreira Cassai, da terceira Vara Criminal de Campo Grande, no último mês de agosto, dos crimes de assédio e importunação sexual, favorecimento à prostituição e exploração sexual de quatro mulheres ( cujas iniciais são A.C.S.S, K.T.T., N.L. M.S e A.L.T. F).

O caso explodiu há dois anos e só agora, no decorrer do processo eleitoral, oportunisticamente, reapareceu. Tudo muito esquisito.

A denúncia do Ministério Público Estadual foi recebida pelo poder judiciário em dezembro de 2022 e obteve decisão final no último mês de agosto de deste ano (ainda cabe recurso). Passaram-se um ano e 8 meses e a tramitação (em segredo de justiça) demonstra inúmeras manobras técnicas sem que haja a verdadeira revelação dos fatos.

Foram arroladas 39 testemunhas, ouvidos 6 peritos, ratificadas 16 testemunhas (no final ficaram apenas 7) e requisitadas imagens de vídeo do Shopping Norte-Sul Plaza, lista de passageiros da Latam, Azul e Gol, quebras de sigilo telefônico e bancários das vítimas, inclusive ofício à concessionária Hyundai "para informar se a vítima K.P de S. adquiriu veículo na empresa". Enfim: uma busca insana por franjas e detalhes para enfiar sorrateiramente nas brechas das leis.

A decisão judicial, expedida no último dia 05 de agosto, que "absolveu sumariamente" Marquinhos e manteve o processo contra seu suposto sócio André Luiz dos Santos (o famoso André Patrola) entra no rol daquelas sentenças que mais deixam dúvidas do que ilumina a veracidade dos fatos.

Não por acaso, Patrola e Marquinhos não podem mais ser convidados para a mesma festa, o que explica as retaliações que o empreiteiro tem feito a alguns familiares do ex-prefeito. A casa caiu, mas é melhor deixar pra lá...

Quem teve acesso ao documento (sentença judicial) da Juíza Eucelia Moreira percebe que todo processo foi uma escalada investigatória contra as vítimas, com medidas protelatórias, subterfúgios jurídicos, manobras técnicas de todas as ordens, enfim, trabalho exaustivo de equipe de advogados mais parecendo uma matilha de lobos caçando coelhinhos.

Sobressai a impressão de que o MP perdeu inúmeros prazos, foi desleixado em inúmeras situações, foi derrotado em vários pedidos, o que é de se supor que houve aí uma luta desigual, desfavorecendo as vítimas e colocando em dúvida toda a decisão. Gostaria muito de disponibilizar a peça, só que por enquanto não seria prudente.

A ação Penal encontra-se em sigilo de justiça. Diante disso, Marquinhos tem usado o judiciário para fazer markting de que todo o processo foi uma armação para lhe suprimir a chance real, em 2022, de ser eleito governador de Mato Grosso do Sul, vitimizado, assim, por um falso escândalo criado por adversários políticos para esfarelar sua imagem pública.

No dia 08 de agosto entrevistei Marquinhos em seu escritório, na presença de um correligionário que não conheço nem me foi apresentado, no qual ele me  relatou todo o bastidor de sua defesa e as demonstrações (com documentos e cópias de prints de mensagens trocadas entre suas acusadoras e pessoas interessadas em seu desgaste pessoal) mostrando o jogo sórdido que cercou todo o escândalo.

A narrativa do ex-prefeito é aparentemente convincente. Fica demonstrado a suposição do uso do aparato do Estado para incriminá-lo. Sua versão, contudo, é apenas isso: versão.

Nomes, datas, gravações telefônicas, fotos etc., revelam um jogo pesado para tirar Marquinhos do páreo. 

Só que o ex-prefeito esqueceu que, em vários momentos, confessou publicamente sua infidelidade conjugal, mostrou-se arrependido, mas não justificou as incongruências havidas em suas pregações de cunho religioso (pró-família, pró-valores cristãos etc) com as práticas reveladas. 

Sabemos que a carne é fraca, mas há um limite entre o uso do poder e o abuso de mulheres, a maioria da periferia, com vontade de subir na vida, seja por esforço pessoal, seja pelos encantos do alpinismo social.

O tempo deixa buracos em nossa memória. Os eventos recentes ditam o modo de ver as coisas, enquanto os acontecimentos longevos são passíveis de reinterpretação e de novas leituras. Marquinhos joga com esses elementos, esperando que o eleitor esqueça o passado e compre sua história e, desse jeito, o eleja vereador, dando-lhe a chance salvadora de dar continuidade à sua carreira política.

Depois que Marquinhos apresentou longamente sua narrativa (repleta de detalhes que o inocentam, numa conversa tranquila e civilizada) solicitei formalmente que gostaria de ter conhecimento da decisão final da Juíza Eucélia Cassal. 

O ex-prefeito negou-se a entregar o documento no dia da entrevistya alegando que o mesmo estava em segredo de justiça. Relatei estes fatos numa postagem recente, sem entrar em detalhes.

Dias depois recebo (sem que houvesse solicitado) a decisão de uma fonte que atua no judiciário estadual. Pedi para que vários advogados analisarem a sentença e todos alegaram que a decisão tecnicamente estava correta.

Mesmo assim, a Juíza adverte em determinado momento do texto de 25 páginas que os "aspectos envolvendo moralidade ou mesmo suas consequências administrativas fogem as (sic) imputações sob análise deste Juízo Criminal".

Noutras palavras, sua decisão foi legal, mas não tem nada a ver com juizo moral.

Ou seja: a decisão diz em linhas gerais (com um jurisdiquês impenetrável) que o ex-prefeito não coagiu, não aliciou nem explorou nenhuma das mulheres sexualmente. Apenas fez tentativas - algumas mal sucedidas outras nem tanto.

Ainda assim, reconhece que ele manteve relacionamento íntimo e sexual com K.P.S, "sem violência ou ameaça, por tempo prolongado - 2020, 2021 e 2022", nomeando-a para trabalhar no Gabinete do Prefeito, depois cedendo-a ao PROCON, "sem ter necessidade de trabalhar, nem mesmo bater ponto".

Embora a juíza indique, no caso, um desvio moralizante, ela afirma na sentença que "não se trata de crime e, por consequência, o denunciado deva ser absolvido sumariamente".

O centro de toda a denúncia foi o de aliciamento sexual para favorecer empresários e pessoas de interesse e isso não ficou demonstrado por parte do ex-prefeito, mas sim de seu "sócio" informal, André Patrola, que não passou no teste de preparo da defesa. 

A principal razão é que Patrola alegou que nunca teve contato com as vítimas para festejar numa de suas fazendas em Coxim, mas mensagens de celular demonstraram o contrário. Ficou então caracterizado o crime de aliciamento, mesmo porque uma das denunciar revelou ter sido vítima de abuso violento por parte de um delegado para que tomasse comprimidos de Ecstasy.

No processo consta inúmeros relatos de vítimas que eram convidadas a frequentar o "banheiro" do gabinete do prefeito, após longas conversas de cunho sexual, como diz este trecho da sentença decisória (página 19):

"Que no banheiro do gabinete, Marcos Trad começou a tentar beijar N., passando a mão no corpo da mesma, mais precisamente nos seios e, sem seguida empurrou a vítima para próximo de uma pia e abaixou as próprias calças, sendo todo esse ato muito rápido, porém, a vítima pode sentir que o denunciado estava com ereção e então ele tentou levar a mão de N. em seu órgão genital, porém, diante da negativa da vítima em manter relação com o denunciado, o mesmo vestiu as calças".

Mesmo assim, perante essa "narrativa fática da peça inicial não é possível preencher as elementares do tipo de referência", considerou a juíza.

A decisão judicial tem vários relatos das vítimas que indicam claramente troca de favores, embora isso não tipifique crimes penais.

Num resumo geral, a sentença da Juíza Eucelia fala mas não diz. Na verdade, dribla fatos e conceitos, cita juristas e jurisprudência dos anos 50, e manda seguir o féretro...

Absolve o acusado mas não lhe concede a inocência pura, ou seja, aquela que o coloca acima de qualquer suspeita. 

Advogados leem a legislação e a constituição e não teorizam sobre absolvição e inocência. A presunção é a regra e o princípio relevante. No mundo das provas e contraprovas isso é inútil. O sujeito pode matar outra pessoal por motivo fútil, mas se não houver as provas previstas em lei ele é absolvido, mesmo que "todos" saibam a verdade.

Assim é a vida. E assim Marquinhos pode cantar em verso e prosa sua "inocência", com apoio de palhaços de plástico como o do apresentador Tatá Marques.

A GRANDE ARMAÇÃO


No decorrer do encontro com Marquinhos Trad no início de agosto passado, perguntei de quem ele suspeitava de ter engendrado a armação política que o envolveu. Neste momento, ele se transformou e demonstrou intensa irritabilidade.

Ele respondeu de forma direta: foi o ex-governador Reinaldo Azambuja e seu ex-secretário Carlos Alberto Assis.

Marquinhos está convencido de que ambos "compraram" as denunciantes para destruir sua carreira política.

Marquinhos diz que, se eleito vereador em 2024, colocará seu mandato para destruir a reputação destes dois personagens, apresentando denúncias, fazendo revelações de cocheira, indicando para a Polícia Federal os caminhos dos esquemas que os nutrem politicamente em Mato Grosso do Sul.

Seu objetivo final é conseguir a anulação do pleito de 2022 e a realização de novas eleições como forma de reparação da injustiça que lhe acometeram. "Devo isso à minha família, aos meus amigos e todos aqueles que acreditaram no meu projeto", assegura.


O MARKETING DA "INOCENCIA" E A MULHER DE "BEIRA DE ESTRADA"



Coisas da política: Marquinhos uma vez afirmou que Rose parece
uma "mulher de beira da estrada", mas hoje estão do mesmo lado

Marquinhos quer ser eleito vereador pelo PDT para se vingar de Reinaldo Azambuja e Carlos Alberto Assis. Ele acredita que ambos agiram em conluio para lhe colocar um carimbo na testa de que é um tarado sexual. 

É mais uma amizade que se se vai, já que foram amigos em duas disputas eleitorais. Agora, sua nova parceira é Rose Modesto, a mulher que um dia foi desqualificada por M. Trad como uma pessoa que se comporta como aquelas "mulheres de "beira de estrada".

Certamente, Modesto deve ter se esquecido desse lamentável episódio político de nosso Estado e decidiu, pelo silêncio e aceitação, assumir o personagem.

Assisti a vários vídeos de Marquinhos cantando loas para Rose, elogiando-a, celebrando-a, tratando-a como verdadeira dama da gestão pública sul-mato-grossense.

Marquinhos é sincero. Suas palavras exalam vigor e verdade, tal qual sua inocência dos assédios sexuais perpetrados todos estes anos na mais completa impunidade - agora chancelada pelas mãos de uma juíza garantista que não tem a mínima preocupação com a chamada condição feminina.


Marquinhos tem certeza de que será o candidato a vereador mais votado de Campo Grande. Para isso ele não tem economizado esforço e inclusive perdeu até o escrúpulo alegando que o escândalo sexual engendrado por Azamba e Assis foi responsável direto pela falecimento da mãe, dona Teresa Trad.


O jogo é pesado. Se ele vencer é bom avisar as senhoras cristãs e pudicas da cidade: enquanto o bode estiver solto, é bom cuidar das suas cabritinhas.