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Alexsandro Nogueira: Entre o romance e o pix

 

Sou do tempo em que as garotas se encantavam com os caras que pagavam a conta do jantar ou da balada. Hoje em dia, parece que o único cavalheirismo que restou foi o de dividir a conta do boteco. Aliás, quem diria que a frase "Vamos rachar meio a meio" viraria uma regra ortodoxa, uma espécie de declaração de amor?

Lembro do tempo em que um cara segurava a mão da moça como se estivesse segurando o destino da humanidade! Hoje, parece que ele está apenas segurando o celular, pronto para fazer uma transferência instantânea, enquanto a moça tenta entender se o amor dele é mais sólido do que o saldo bancário.

Na era do PIX, os homens se transformaram em verdadeiros contadores de contas! "Olha, querida, eu te amo, mas a conta deu 120do barzinho, entãocada um paga a metade, ok?" Pior: se essa geração continuar assim, o amor vai ter que vir com um comprovante de pagamento. E, falando em comprovante, nada mais romântico do que enviar um "transferido com sucesso" no WhatsApp depois de um encontro, não é mesmo?

Nos meus bons tempos de boate Chatanooga e shows de rock no Albano Franco, os encontros eram planejados às custas de muitos cortejos e telefonemas até altas horas. Hoje, mais parece uma planilha de Excel: "Olha, você ficou com R$ 60,00 de um lado, e eu, com R$ 60,00 do outro. Então, valeu a experiência, e nos vemos no próximo bar!".

O problema é que essa divisão de contas não é só financeira, viu? É emocional também! Como diria meu amigo Dr. Gustavo, as mulheres já não sentem mais a segurança no cara. Como confiar em um homem que vê a conta como um item a ser rateado em vez de um momento a ser celebrado?

Meu caro, se você está pensando que encontros amorosossão apenas um jogo de "quem paga o quê e para quem", aqui vai uma dica: relacionamentos pedem investimentos! E não falo do tipo que aparece no extrato bancário, mas daquele que faz o coração acelerar e faz você se sentir especial!? No fim das contas, o que importa é somar sorrisos e subtrair os desgastes, porque no amor, a única taxa que deve ficar alta é a de felicidade!



Alexsandro Nogueira é jornalista, escritor, músico e colaborador do blog