Não é de hoje (nem de ontem) que o vereador Carlos Augusto Borges (PSB), Presidente da Casa, tem constrangido a vereança de Campo Grande com falas e atitudes inusitadas. Aquele jeitão primitivo reforçado pelo tamanho mastodôntico foi batizado pela população de "Carlão Brucutu".
Seu estilo "deixa que eu chuto" combinado com um elefante drogado dentro de uma loja de louças transformou a Câmara Municipal de Campo Grande na Casa da Mãe Joana (com perdão à mãe Joana, pois ela, colocada lado a lado com personagem tão expansivo, é quase uma santa).
O que chama mais a atenção é que a maioria dos vereadores diz amém para as barbaridades institucionais de Carlos Borges, o socialista de Pedro Gomes. Pior: beija os pés e mãos dessa figura gorilesca, numa reverência só vista em períodos medievais.
Não se conhece na história da cidade personagem tão grotesco e abusivo exercendo seus poderes no parlamento municipal, promovendo ao longo do mandato uma verdadeira celebração de acordos anti-republicanos, jogando todos os dias a democracia no lixo. A cidade não merece.
Neste caso atual que envolve o vereador Claudinho Serra Carlão está tendo a chance de se superar. A reportagem publicada hoje (22 de junho) no Correio do Estado, da lavra do repórter Daniel Pedra, demonstra, num só lance, cinismo, deboche e covardia.
O presidente da Câmara demonstra que do calcanhar até os fios dispersos de sua cabeleira não possui estatura moral para comandar a Casa de Leis, quem dirá representar os cidadãos de Campo Grande.
Pra livrar a cara de Claudinho Serra e negar a cassação (e arquivar o pedido) de seu mandato por atos de corrupção, dos quais foi acusado, preso e hoje se encontra em prisão domiciliar, ostentando tornozeleira eletrônica, Carlão se escora no parecer jurídico do procurador-geral da Câmara Municipal, Gustavo Lazzari, que dá sustentação legal (é surreal) a fatos com tamanhas evidências probatórias, sob a alegação de que os crimes de Claudinho foram cometidos no município de Sidrolândia e não na Câmara de Campo de Grande.
Sem querer exagerar na analogia, imagine se Claudinho tivesse cometido crime de estupro em Sidrolândia, certamente Carlão canonizaria o estuprador em Campo Grande.
Será que Brucutu não pensou em pedir uma segunda (ou terceira) opinião, mesmo porque ele se tornou "suspeito", visto que declarou inúmeras vezes a mesma tese para a imprensa, e, por isso, jamais seu procurador-geral daria qualquer parece contrário, ainda mais que o presidente não aceita ser contrariado, dado seu histórico de brutalidade e vilania.
Imagine: se vereador eleito, no gozo pleno do mandato, treme com as atitudes de Carlão Brucutu, o que faria um assessor jurídico subordinado ao mandonismo do presidente?
Outro problema de Carlão (ele precisa avaliar) é que o crime não está restrito a Sidrolândia, mas também a dezenas de municípios; existem delações premiadas de extrema gravidade sobre o caso; há uma bagunça generalizada de contratos fajutos inclusive com envolvimento do PCC, no qual suspeita-se que há uma rede criminosa operando há anos em pequenas prefeituras, faturando milhões, envolvendo gente poderosa em todos os poderes, num mecanismo de crime continuado que não se restringe a apenas Sidrolândia.
Ora, Carlão - você poder fingir demência, ser desavisado, ingênuo ou maluco beleza -, mas está se colocando no rol dos suspeitos, pedindo para que todos olhem na direção contrária do lugar onde o crime está acontecendo. O povo é burro, mas não é tonto...
Tudo muito esquisito. "Dentro do mandato , Claudinho não fez nada de errado como vereador", afirmou Brucutu ao jornal, interpretando que o que se faz em Sidrolâdia fica em Sidrolândia, Campo Grande, nesse caso, é apenas a sucursal do inferno.
Tenha paciência!