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Paul Auster era um sujeito enigmático e soturno, mas conhecê-lo foi uma iluminação


Meu encontro com Paul Auster em |Paraty na Flip de 2004 -

Foi há 20 anos. Na festa literária de Paraty (a melhor de todas até hoje), quando ele figurou como a estrela principal do evento. Encontrei-o andando na rua, em companhia de sua então esposa Siri Hustvedt, uma louraça de fechar o comércio, e me aproximei temendo que ele refutasse ou fizesse pouco caso.

Mas ocorreu o oposto: Auster era gentil, amistoso, gostava de papear, embora aparentemente desse a impressão de ser um sujeito soturno, enigmático, fechadão.

Eu era um fã. Fã de carteirinha. Tinha lido vários "A Arte da Fome", "A Trilogia de Nova York" e "A Invenção da Solidão". Mas nosso breve conversa não falamos de literatura. Nossa conversa girou sobre a cidade de Paraty. Auster estava encantando.

Gostaria de ter falado pra ele o quanto seu texto influenciou meu jeito de escreve: narrativa direta, sem floreios, frases curtas e inusitadas, algo meio cru, sem rebarbas nem sentimentalismos.

Mas fiquei em silêncio. Sua esposa era mais falante e solícita, deu-se bem com Ângela, minha esposa (que depois comprou e leu dois romances de sua autoria). Quase marquei um novo encontro, mas recuei e depois de uns 15 minutos de blá-blá-blá nos despedimos.

Antes, lógico, tiramos uma foto. Jamais me perdoaria se aquele momento não ficasse registrado para a posteridade. Abraços, Paul, nos encontraremos em algum lugar no tempo e no espaço na eternidade,