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Puccinelli virou um piadista sem-graça; devia prestar mais atenção em Azambuja

 

Os bastidores políticos de Campo Grande estão fervendo. Há especulações para todos os gostos. Há pesquisas fajutas para todos os quereres. Fico impressionado com a energia inútil que se queima neste período no qual o ano eleitoral ainda nem começou, mas mobiliza esforços para dar o mínimo de organicidade do que vem pela frente. 

A pergunta mais frequente que tenho ouvido em andanças pela cidade é se o ex-prefeito e ex-governador André Puccinelli será candidato à prefeitura da Capital. Muita saliva vem sendo gasta para responder a essa pergunta. Puccinelli vem dando entrevistas, conversando aqui e ali, deixando no ar essa incógnita como se a aura de mistério fosse resolver alguma coisa no âmbito das coisas concretas da vida. 

André se tornou um piadista de si mesmo. Seus encontros com a imprensa tem sempre aqueles risinhos e os prosaicos comentários de tiozão, que terminam se transformando num saco vazio. Ele não parece disposto a conversar com seriedade sobre o que pensa, como enxerga as dificuldades do município, vivendo apenas do passado, como se Campo Grande fosse a mesma cidade de quando ele foi prefeito, como se o Mato Grosso do Sul tivesse sofrido cogelamento no tempo, mais ainda: como se o Brasil e o mundo não estivessem passando por uma revolução digital, com outra pauta, outro processo histórico, outras relações de poder. 

Se Puccinelli fosse esperto, ele tentaria somar esforços para convergir politicamente na direção de outro nome (alguém mais sintonizado com estes tempos diferentes, como fez Azambuja ao concentrar esforços para eleger Riedel), dando assim relevância ao seu papel de líder de um segmento social mais ajustado ao centro político, buscando solapar o populismo que desde Bernal está destruindo a cidade.

Enquanto jornalistas se divertem com as gracinhas do tio Pucci, rios subterrâneos correm por todos os lados. A prefeita Adriane Lopes se movimenta, mas também não consegue se libertar da mediocridade de sua gestão, embora esteja gastando dinheiro (dos outros) para projetos que não refrescam a vida da população. Seu conceito é péssimo, embora algumas pesquisas produzidas a peso de ouro digam o contrário. Mas uma hora a realidade encontrará com a verdade, e dona Adriana vai saber exatamente seu tamanho, depois que deixar o colo da senadora Tereza Cristina.

Outros candidatos substanciais - Pedro Neto, Beto Pereira e Marcos Polon (Rose Modesto não conta mais - estão atuando com certa discrição, talvez avaliando que o momento não é para exposição, pelo simples motivo de que aparecer demais com antecedência é chamar é atrair para si energia negativa, tendo que colocar no centro do palco a atual incumbente do poder executivo municipal. 

O raciocínio é simples: discutir politicamente a agenda da cidade é colocar mais água para rodar o moinho da prefeita. Ninguém - usando o mínimo da inteligência - fará essa besteira. 

Claro, Puccinelli não tem nada a perder. A ele interessa apenas farfalhar penas mortas. O tamanho do seu eleitorado é fixo. Sua rejeição não lhe permite ultrapassar a linha divisória que o coloque num patamar de preferência confortável, principalmente numa campanha de ataques. Ademais, o Lulismo e o Bolsonarismo - os campos mais ideologizados num confronto eleitoral - dificilmente aceitarão uma composição com candidaturas com seu perfil.

Puccinelli faria melhor para a história de Campo Grande cerrar fileiras com uma candidatura tucana. Pessoalmente, será difícil, pois há um pote até aqui de mágoas, só que a arte da boa política é ser pragmático até pelo estômago. Seus amigos já viram isso. Só falta ele.