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O processo sucessório: o jogo vai começar

 

Se a eleição municipal resvalar para o jogo baixo, como ficará a relação entre Riedel e Tereza ?-

Se você está acompanhando o quadro político do momento deve estar pensando sobre como as forças eleitorais vão se movimentar no próximo ano para ganhar espaços nas administrações municipais com vistas a desenhar o grande cenário do jogo de 2026.

Por isso, tem tanta gente se movimentando, fazendo cálculos, montando estratégias, pois as prefeituras são capazes de tonificar as bases que ajudam a eleger os escolhidos para o parlamento estadual, o governo do Estado e todos aqueles que vão compor o eixo da nossa representação federativa (deputados federais e senadores).

Nosso sistema político pode ser considerado disfuncional para muita gente, sobretudo quando se olha pelo prisma do multipartidarismo reinante, com sua imensa sopinha de letras, que tem resultado no fortalecimento cada vez maior do clientelismo, do patrimonialismo, do charlatanismo e mesmo da corrupção pura e simples.

Mesmo aqueles que olham o mundo de sua exclusiva torre de marfim, horrorizado com as falhas humanas e com um pragmatismo que deixa à margem a maioria da sociedade, devem ficar indagando como conseguiremos construir uma democracia sólida com tudo isso que aí está. 

É importante que se saiba que as mudanças nesse esquema são lentas, às vezes regressivas, mesmo porque nada se pode exigir quando o próprio modelo é excludente e favorece a formação de massas iletradas e com reduzida capacidade para analisar contextos, fazer comparações e escolher algo melhor, como, por exemplo, reduzir os espaços do populismo que encontrou no Brasil um ninho confortável para se reproduzir.

Ultimamente, algumas pesquisas tem sido divulgadas para consumo interno, tentando traçar o perfil socioeconômico e as preferências momentâneas dos eleitores, mas é preciso dizer que todas elas valem muito pouco não somente porque os elementos da realidade são provisórios e dinâmicos, sem contar que novos estudos apontam para uma mudança comportamental da população quando instada a responder questionários de pesquisas de opinião.

Prefiro entrar em detalhe sobre esse tema mais tarde. Por enquanto, para aqueles que acompanham o processo sucessório de Campo Grande (o maior colégio eleitoral do Estado e que, por inúmeras razões, estabelece uma predominância de tendência político-eleitoral) é importante que se diga que os pré-candidatos anunciados enfrentam o drama da provisoriedade.

Como se diz, fatos novos podem ocorrer e erodir vontades e pretensões. Mas digamos que nada se altere e os nomes de André Puccinelli, Beto Pereira, Pedro Neto, Adriane Lopes, Camila Jara, Marcos Pollon, Capitão Contar, Rose Modesto e outros aventureiros sejam impressos nas cédulas.

No momento, porém, isso não significa nada. Sabemos que eles estão na praça, conversando aqui e ali, tentando ocupar espaço na mídia, mas nossa lógica política ainda é a do caciquismo. O processo obedece a uma natural hierarquia de poder que segue ditames de consensos formados em torno de acordos políticos pontuais ou mesmo gerais, com a benção daqueles que ocupam o centro do poder financeiro, institucional etc, etc..

Nesse caso, como vocês imaginariam, por exemplo, a Senadora Teresa Cristina, representante da direita, apoiando a prefeita Adriane Lopes, enquanto o governador Eduardo Riedel, representando o centro, se coloca ao lado de um opositor, o deputado federal Beto Pereira? Como ficaria a relação entre as duas lideranças caso a campanha torne-se tensa, agressiva, divisiva?

Como atuaria os já anunciados pré-candidatos ao senado (Azambuja e Vander) que pretendem ocupar as vagas dos atuais senadores Nelsinho Trad e Soraya Thronicke? Como vai se comportar André Puccinelli que tem dado indícios de que não pretende concorrer nesta eleição municipal, mas tem deixado seu nome ser especulado para efeito de aumentar seu poder de negociação no processo de ocupação de espaço de poder no futuro?

Há outras variantes: qual a influência da máquina ideológica do bolsonarismo em inúmeros municípios de MS, inclusive Campo Grande, que permanece forte apesar do desgaste que vem sofrendo? Qual a inserção de Lula e da máquina governamental no ambiente da disputa, com as promessas de "um futuro melhor para todos" funcionando a todo vapor, tentando conquistar os corações mentes com vista ao fortalecimento de bases municipais?

Enfim, são inúmeras equações que preencherão um tabuleiro complexo, com influências diversas, que ajudarão a definir não só os resultados nos municípios como também os do próximo pleito, em outras esferas.
 
Para o jornalismo, por enquanto, há muitas perguntas e poucas respostas. Para chegar a alguma conclusão questões devem ser colocadas e respondidas para que se possa compreender historicamente todo o processo.