Simone Tebet, Ministra do Planejamento, está sem espaço de manobra no centro de decisões do Governo Lula.
Mesmo assim, mantém as aparências, faz cara de paisagem e segue em frente. Era previsto. Quem a conhece sabe que comer uma colherinha de sal com ela não é fácil. Professora de deus, dona da verdade, mimada, não gosta de ser contrariada, são estes alguns de seus traços comportamentais que pouco a pouco provocam desgastes desnecessários, fazendo com que possíveis interlocutores ou subordinados desviem do caminho quando a vem chegando ao trabalho.
Não está sendo diferente com o Ministro da Economia Fernando Haddad. Ele tem se sentido incomodado com a titular do Planejamento e sua equipe. Tanto que parcela expressiva da imprensa já notou que a relação entre Haddad e Simone caminha no fio da navalha.
É verdade que a Ministra tem feito um esforço pessoal para ser mais leve, menos incisiva, conciliadora até. Por isso, nos últimos dias, vem conseguindo afastar a névoa cinzenta que circula nas duas pastas econômicas do Governo.
Sua situação política, porém, continua complicada. Ela perdeu sua base eleitoral em Mato Grosso do Sul por conta do apoio a Lula nas últimas eleições. O Bolsonarismo, que no Estado é muito forte, não pode nem ouvir falar o nome dela. Muitos nem a cumprimentam em eventos públicos.
Ela então ensaiou uma aliança com o Deputado Baleia Rossi, do MDB paulista, tentando formar um núcleo de apoio no Estado de São Paulo, mas percebeu que a empreitada era quase uma missão impossível. Lutou com unhas e dentes para ser ministra da área social do governo que cuida do bolsa família com conhecido afinco, mas foi descartada. Teve que se contentar com o Planejamento, um setor insípido, inodoro e incolor para a maioria da população.
Lá encontrou resistências, pois seu principal parceiro, Haddad, não vai abrir espaço para quem desconfiam que disputará a próxima eleição presidencial.
Com isso, Simone tem reunido seu grupo e discutido a possibilidade dela ser indicada para o STF na vaga aberta por Rosa Weber em futuro próximo. Este é o seu sonho. Quando Lula é pressionado a indicar uma mulher para o cargo seus olhos brilham.
Na verdade, o campo do Direito sempre foi uma paixão de Tebet. Ela inclusive teve muito apreço por estudos da Carta Constitucional. Uma indicação para o Supremo seria um golpe de mestre para sua carreira, mesmo porque resolveria vários problemas políticos de Lula.
Assim sendo, Simone, nos últimos tempos, tem-se mostrado em eventos públicos mais lulista do que a própria Janja. Seus discursos triunfalistas colocam Lula no patamar dos maiores estadistas mundiais. Enfim, Simone está arando a terra, fertilizando-a, aguardando a hora certa para fazer a colheita.
Vai dar certo? O futuro dirá.