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O que será de Eliane?

Passo uns dias em Campo Grande e, assim que saio do aeroporto, pergunto para o motorista do Uber - fingindo ser um turista novato da cidade : quem é o prefeito da Capital de Mato Grosso do Sul?

Ele responde: "não sei". E complementa: "até um tempo atrás era o Marquinhos, agora virou uma confusão, aí e eu não sei mais".

Nos dias seguintes, com outros motoristas, faço a mesma pergunta. As respostas são semelhantes. Apenas um respondeu-me o seguinte: "agora é uma prefeita, uma tal de Eliane".

De fato, vejo algumas pesquisas esparsas e todas mostram que a taxa de conhecimento da prefeita Adriane Lopes não ultrapassa 26%. Mais de 70% não a conhecem, apesar do esforço que ela vem fazendo para ser arroz-de-festa.

Conforme vou vivenciando a cidade, perguntando aqui e ali, vejo que ela é inodora, insípida e incolor. Se Lopes estiver pensando em tentar a reeleição, convém colocar na conta de sua equação política que se trata de uma iniciativa muito arriscada.

Sua passagem pela prefeitura é considerada um desastre, sua capacidade de decisão é duvidosa e sua personalidade denota uma fragilidade de quem ainda não está sabendo qual seu lugar no jogo político que vem sendo engendrado no rumo de sua sucessão.

A administração foi caotizada aos longo dos últimos dez anos. Hoje a prefeita está vendendo o almoço pra comprar a janta. O cipoal de interesses difusos em torno da máquina travou qualquer possibilidade de se pensar em grandes projetos para que a cidade dê um salto de qualidade para o que vem pela frente.

Com isso, vários personagens, hipoteticamente mais preparados, estão com grande apetite pela disputa, pois sabem que "Eliane" tem grandes probabilidades de ser carta fora do baralho.

Os nomes mais visíveis e falados são: Beto Pereira (deputado federal do PSDB), André Puccinelli (ex-governador do MDB), Camila Jara (deputado federal do PT), Reinaldo Azambuja (ex-governador do PSDB), Pedro Pedrossian Neto (deputado estadual do PSD), Capitão Contar (ex-deputado estadual do PRTB), Marcos Polon (deputado federal do PL) e Rose Modesto (ex-deputada federal).

Por enquanto, as especulações correm solta. Mas quem conhece nossa movimentação política sabe que metade dessa gente é boi de piranha. Uns aparecem para se cacifar em outros embates, existem os que são fruto da vaidade louca em ficar em evidência, e também os espertinhos que estão na moita esperando os mais afoitos tropecem nas próprias pernas.

Acho que a Capital está cansada de gente populista comandando a prefeitura. Desde Bernal, passando por Olarte, voltando para Bernal, depois Marquinhos e agora Adriane Lopes padecem daquela visão miúda da chamada politicagem suburbana, juntando em seu entorno gente desqualificada (há exceções), turbinando o patrimonialismo e o assistencialismo mais rasteiro como modelo a ser gerido para que a gestão seja apenas uma máquina de votos e não um instrumento de desenvolvimento real.

SEM INVESTIMENTOS

A prefeitura transformou-se num estuário de interesses corporativos, um sorvedouro de recursos que se joga fora, sem produzir boa saúde, educação de qualidade, transporte coletivo razoável, tudo feito de improviso, recolhendo impostos e taxas do contribuinte basicamente para pagar salários e benefícios, sem contar o velho e conhecido propinoduto que funciona 24 horas por dia.

Campo Grande perdeu capacidade de investimento, de realizar operações de crédito, sem construir uma visão clara de que a cidade está no eixo da maior rota do comércio mundial, que dentro de dez anos se ela não estiver a base de sua economia estruturada o fluxo de capital será deslocado para outros municípios e outros estados, mantendo nossa área urbana numa cidade média envelhecida antes do tempo.

O eleitor precisa ficar atento para o fato de que a próxima eleição será importante no sentido de escolher um (ou uma) profissional que não tenha aderência ao populismo de salão, alguém com o perfil ajustado, por exemplo, ao de Eduardo Riedel, que saiba localizar a cidade no mapa nacional e mundial. Oremos.

Os nomes postos hoje tem qualidades e defeitos. Mas ainda é pouco para o desafio que vem pela frente. Espero que o (a) eleitor(a) comece a imaginar os cenários e olhar atentamente aqueles que estão se movimentando. De minha parte, estarei atento. E voltarei ao assunto quando a realidade impuser suas demandas cruciais.



Nota: a partir do próximo mês estarei renovando o visual deste blog. Vou atualizá-lo conforme o mundo moderno está solicitando. Volto ao jornalismo com bastante ânimo. Viver é melhor que sonhar. Abraços