***Dante Filho***
Na semana passada, após a definição das urnas que colocaram dois bolsonaristas no segundo turno em Mato Grosso do Sul, os candidatos Capitão Contar e Eduardo Riedel foram à feira em busca de sustância para engrossar a sopa que pretendem levar ao eleitorado.
Contar teve logo de cara apoio de Marquinhos Trad, Rose Modesto e André Puccinelli. Esperava-se comemoração no comitê de campanha do capitão, mas o que se viu foi um anticlímax.
A turma do bolsonarismo-raiz refugou, criando uma teoria da conspiração de que não haveria, no caso, soma de votos, e sim uma dispersão, visto que os três apoiadores não contavam com predicativos morais desejados pela reputação de quem sempre atuou na linha do combate à corrupção, pela pureza dos costumes, com amor à Pátria e colocando Deus acima de tudo.
Houve inclusive quem tenha aventado de que Marquinhos, Rose e Puccinelli não teriam a pureza ideológica necessária para aparecer ao lado do Capitão, ora sob o comando cerrado da publicitária Iara Diniz.
Enfim, para compensar o constrangimento restou a Contar conceder um tiquinho ao populismo e deixar Rose Modesto desfilar em cima de uma camionete, por ruas vazias em alguns bairros da Capital, com o apresentador Ratinho. Ainda assim, o resultado final foi pífio.
Nesse meio tempo, Contar foi procurado pelo Deputado Lídio Lopes que apresentou um projeto administrativo para tirar Campo Grande da situação caótica em que foi deixada, no qual formalizaria o apoio da prefeita Adriane à sua candidatura.
Claro, essa parceria se estenderia à reeleição na prefeitura. O Capitão, mais uma vez, refugou, e deixou que o casal Lopes caísse nos braços de Eduardo Riedel.
Está ficando claro que Contar deseja ganhar "sozinho" o Governo do Estado, mantendo seus apoiadores de última hora em situação de vergonha, visto que eles não fazem liga com o ultraconservadorismo local, com um passado a lhes condenar eternamente.
Como as pesquisas que estão rodando dão pequena vantagem a Riedel, Renan Contar acredita que os votos clandestinos da extrema-direita lhe garantirão a vitória, permitindo que ele aja "a la Bernal", tentando se aproveitar da onda que está carregando Bolsonaro em Mato Grosso do Sul.
Contar, no momento, prefere um certo isolacionismo, mostrando-se um bom fingidor, que agradece gentilmente o apoio de ex-adversários, embora prefira os manter à distância por considerá-los tóxicos.
No fundo, trata-se de um jogo. A turma do PRTB não está convencida de que os votos obtidos pelos três mosqueteiros estejam agregados às suas respectivas lideranças pessoais. Talvez essa seja a primeira vez na história política do Estado em que um candidato demonstre sentir vergonha pelo apoio recebido.
Cada um com seu cada qual.
Nos próximos dias haverá debates entre Riedel e Contar. Veremos como a questão será tratada. Dependendo das perguntas e respostas, dos esclarecimentos dados, nós, os incautos e embasbacados, poderemos saber o que há de verdade e mentira nessa história toda.