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Contar e Riedel disputarão voto útil e eleitores indecisos e pragmáticos


****Dante Filho****

As pesquisas eleitorais - meio cambaleantes no atual momento por falta de crédito - apontam que a disputa entre Eduardo Riedel (PSDDB) e Capitão Contar (PRTB) dependerá daquele que mostrar ao grosso do eleitorado maior profissão de fé na eleição de Jair Bolsonaro. 

Ambos tem larga aceitação no seio do bolsonarismo, embora sejam diferentes entre si. 

Riedel é ideologicamente moderado, tem a cabeça voltada para assuntos práticos e vê a política como meio para atingir determinados fins, dentro do conceito da economia liberal e desenvolvimentista. 

Ele é calmo, sabe fazer contas, tem boa memória, sabe os números da realidade estadual e tem na cabeça projetos públicos e privados que precisam ser colocados em no chão nos próximos anos para que o Mato Grosso do Sul saia do patamar de atraso relativo e se transforme numa espécie de Paraná (considerando suas especificidades e vocação).

Por enquanto, não se tem ainda um perfil completo do Capitão Contar. 

Sua taxa de conhecimento é pequena. Portanto, trata-se de alguém que suscita muitas perguntas.

Tirante a surpresa que provocou na última eleição, despontando como um foguete depois do pedido de voto explícito do presidente da República no último debate da Globo, suas pretensões ainda são um mistério. 

Nas poucas entrevistas que concedeu, e mesmo nos debates em que participou no primeiro turno, Contar deixou claro que é homem de nicho. Ele agrega o bolsonarismo ideológico (que muitos chamam de extrema-direita) e pouco se sabe de suas ideias e projetos. 

Neste ponto, destaca-se alguma coisa na área de segurança pública. Ele fala sobre suas preocupações com o setor de saúde, dá alguns sinais à pecuária leiteira e não toca profundamente na área da educação.  

Outras iniciativas estão sendo veiculadas por seus principais apoiadores, como, por exemplo, na semana passada pela boca de seu Vice, Beto Figueiró, falando que reduziria a carga horária do funcionalismo público estadual, sem, contudo, que o próprio Contar se manifestasse sobre o assunto. 

Sua esposa, Iara Diniz, publicitária responsável pela estratégia política em curso neste segundo turno tem dito coisas aqui e ali, na linha do liberalismo, empreendedorismo e na questão dos costumes, mas não se sabe verdadeiramente se é, de fato, algo que o candidato está mesmo pensando. 

A única certeza até o momento é que Renan Contar declarou que não quer apoio dos candidatos derrotados (apesar que alguns já adiantaram que o apoiam), indicando que ele vai atuar na linha anti-sistema e antipolítica. 

Na última sexta-feira ele foi entrevistado pela Morena FM, mostrando que ainda não não tem os números do Estado na cabeça, o que pode até ser perdoável, já que ele não imaginava que seria o vencedor por diferença mínima de voto. 

A partir de agora, espera-se que Contar apresente projetos e discuta ideias, inclusive aquelas que estão na ordem do dia da campanha presidencial. 

De modo geral sabe-se que no interior do Estado (excluindo alguns municípios com forte influência do agronegócios e com predominância de migrantes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Contar precisará mostrar quem é e o que pensa. 

Na Capital, ele tem uma vantagem expressiva de preferência, principalmente nos bairros mais populosos da cidade (que estão sob a influência da base aérea e do Comando da 3ª Região Militar. 

Para potencializar suas atenções nas periferias da Capital, Contar teria que chegar lá de braços dados com André Puccinelli, Rose Modesto e até mesmo Marquinhos Trad. Vai conseguir? Não se sabe.

Riedel tem a máquina do Governo do Estado nas mãos. Isso é positivo e negativo ao mesmo tempo. Ele percebeu que terá que fortalecer sua imagem como personagem de si mesmo, desvencilhando-se um pouco da Azambadependência. 

Quem vive o tucanato sabe que Riedel não é "fantoche" muito menos "serviçal" de Reinaldo Azambuja. Na verdade, ambos formaram uma aliança estratégica e um convívio de conveniências para enfrentar uma das eleições mais difíceis e complexas de nossa história. 

Se Tereza Cristina, eleita senadora, cumprir aquilo que prometeu ao tucanato, ou seja apoiar  Riedel com gana e determinação, a roda girará com maior facilidade; mas, se jogar com os pés em duas canoas, o que ainda não foi descartado, apesar de manifestações públicas pró-tucana, a coisa se tornará mais complicada.

Até o momento Riedel e Azamba estão colhendo bons resultados. O primeiro sabe que para garantir a governabilidade precisa do outro. E o outro, para que venha a ter perspectiva de futuro político, precisa do um. 

O problema agora, tanto no caso de Contar como de Riedel, será segurar seus aloprados. Qualquer som estranho e movimento esquisito poderão provocar mudanças no eleitorado. Quem são esses aloprados? Ambos sabem quem são e seguem em frente no fio da navalha.