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Apoios do segundo turno podem atrapalhar



Dante Filho

A etimologia da palavra “apoio” remete ao conceito de sustentação, ajuda, amparo e tantas outras no mesmo sentido.  No campo da política, nos primeiros momentos do certame, os candidatos Capitão Contar e Eduardo Riedel estão contabilizando e registrando seus apoiadores como forma de demonstrar maior capacidade de agregar pessoas que possam dar substância a seus governos, caso sejam eleitos. Além da palavra substantiva, apoio é sempre fundamental.

Na história recente, lá atrás, quando a disputa em Mato Grosso do Sul polarizou-se entre Ricardo Bacha (PSDB) e Zeca do PT houve uma situação parecida, que ilustra bem o cuidado que se deve ter com a questão. Claro, a situação era outra, o clima eleitoral era diverso, o momento revelava outras demandas. 

O grande derrotado, naquela ocasião, era o ex-governador Pedro Pedrossian, que fez uma campanha errática, de salto altíssimo, o que o levou amargar um terceiro lugar na disputa. Mesmo assim, seu apoio era fundamental, dada a pequena diferença de votos entre os dois oponentes (Bacha e Zeca) no primeiro turno. 

Havia uma longa tradição que remetia aos velhos tempos de Mato Grosso (que atravessou o período ditatorial e à criação de Mato Grosso do Sul), colocando os ex-governadores Wilson Barbosa Martins e Pedrossian em antagonismo permanente. 

Bacha era Wilsista até a medula. Quando lhe perguntado, logo após a apuração dos votos, se procuraria Pedro para lhe pedir apoio, ele respondeu que o dispensava, que não faria isso jamais. Zeca, mais pragmático, buscou de imediato Pedrossian e celebrou uma aliança estratégica. Ganhou a eleição. 

Buscando esse exemplo, ficou a lição de que com essa questão não se brinca.  O apoio de André Puccinelli, Marquinhos Trad e Rose Modesto ao Capitão Contar insere-se no plano de que eles ajudam a criar uma imagem de aumento de volume. Isso, contudo, não significa que adensa alguma substância, pois cada um desses nomes são eles e suas circunstâncias. 

O cidadão médio (que não dá muita pelota pra política) tende a imaginar que os votos dados aos três derrotados somam automaticamente para aquele que o apoio é ofertado. Não funciona desse jeito no mundo real. Sendo assim, reconhecendo que o segundo turno é uma outra (e nova) eleição, o que o eleitor deseja ver é se o candidato apoiado tem aqueles predicativos  que fazem por merecer o respaldo de seu apoiador.

No caso do Capitão Contar, o apoio recebido de André, Marquinhos e Rose não provocou nenhum entusiasmo eleitoral que o levasse a uma onda irreversível e amplamente perceptível. Diante do fato, Contar terá que recalibrar seu discurso, evitando que tal fato possa suscitar o velho debate de barganhas nada republicanas, algo natural no ambiente político, mas rechaçado cada vez mais pela sociedade. 

Pelo lado de Eduardo Riedel, o apoio recebido da prefeita Adriane Lopes e seu marido, deputado Lídio Lopes, pode também ter efeito simbólico, embora de menor proporção, visto que ambos não têm o mesmo potencial de votos vis a vis André, Rose e Marquinhos.

Mesmo assim, a disputa será apertada e o quadro de incertezas ficará cada vez maior, conforme os debates se sucederem, demonstrando as várias nuances de desempenho de cada candidato. 

Ontem, depois do primeiro debate presidencial do segundo turno, ficou claro que a disputa entre Lula e Bolsonaro ainda é um cenário em aberto. Aqui em Mato Grosso do Sul, em que pese os dois candidatos se apresentarem como vinculados à Bolsonaro no plano nacional, está mais do que claro que há um empate, sem preferências expressivas, mesmo que algumas pesquisas apresentem números divergentes. Os próximos dias darão seus sinais.