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Marquinhos e o agronegócio - fake ou fato?

 


*******DANTE FILHO*****

Campanhas eleitorais às vezes tornam seus personagens seres repletos de som e fúria. Dia desses, recebo em meu whatsapp dois vídeos distintos. O primeiro aparecia Marquinhos Trad gritando num palanque – “eles querem mandar, eles querem mandar...” -, sem nenhuma contextualização nem indicação de propaganda eleitoral, dizendo que “eles” (pronome pessoal reto, generalizante, que pode fazer papel de sujeito oculto ou indeterminado) marcam o povo com ferro como se fosse gado. Ora, o “eles” pode ser um grupo ou setor social.

Nesse vídeo, a fala é entrecortada com imagens de rostos de pessoas entristecidas, cenas de favelas, gente pobre, enfim, imagens pungentes que mostram que o candidato é a salvação dos miseráveis e oprimidos do mundo. 

No segundo vídeo, o discurso é quase o mesmo, mas a edição de imagens é outro, contextualizando a fala com cenas de boiadas, colheita de grãos, peões de fazenda, com texto dando relevância à importância do agro, abrindo espaço para que o candidato do PSD fosse criticado por estar propondo “guerra” aos produtores rurais. Achei a última proposta mais crível.

Como os vídeos não tinham origem certa, optei pelo segundo, porque considerei mais adequado ao contexto.  Publiquei na minha página do facebook e fui alertado que o material era fake. Olhei no Instagran do prefeito e verifiquei que a postagem oficial tinha o mesmo texto, embora as imagens fossem outras. Mesmo assim, mantive a publicação por achar que o discurso era mais relevante que o jogo de imagens. Reconheço: fui parcial, embora no limite da ética.

Dois dias depois, o prefeito publica nova postagem no Instagram alertando sobre o suposto Fake News, desta vez dando nome aos bois: ele estava abrindo fogo contra o governador Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel. 

No final da tarde de sábado, recebi notificação judicial determinando a retirada do vídeo em 24 horas. Contatei meu advogado e fui orientado a fazê-lo, pois o TRE considera fake news qualquer edição de vídeo que destoe e modifique o original. Foi o que fiz.

Antes disso, recebi notícias do Correio do Estado e do site Jacaré afirmando que blogueiro havia recebido ordem da justiça por ter publicado notícia falsa. Claro, não citam meu nome ( o que, penhoradamente, agradeço), pois tudo que envolve Marquinhos é nebuloso e incerto.

A questão a ser considerada de todo esse imbloggio é de outra ordem. São os fatos. Em minha opinião, a edição oficial veiculada no Instagran foi um erro de cálculo político da assessoria de comunicação de campanha do candidato. Ela dá margem a todo tipo de interpretação. Marquinhos saliva de ódio e agride sem citar os nomes “dos fazendeiros”. Só depois o faz. Creio que cabe processo por danos morais.

Bem, tá na cara que ali há incitamento, contrapondo pobres e ricos de maneira populista e infantil. Compreendo se tratar de campanha política. Sou eleitor e jornalista. Não sofro de amorfismo crítico. Mas o ex-prefeito está prestando um desserviço à sociedade. Sua equipe de comunicação está meio perdida. A culpa não é minha. 

Vou publicar os vídeos originais na minha página do facebook como forma de reparação e julgamento do eleitor. Cada um que tire suas conclusões. 

PERGUNTA – A preferência de Bolsonaro nas pesquisas realizadas em Mato Grosso do Sul ajuda os candidatos vinculados a ele? Não se sabe. Não há dados detalhados que esclareça essa questão. Só se sabe que isso provoca muita confusão. O Capitão Contar está adorando tudo isso.

VOTO UTIL- A campanha de Lula está incrementando o pedido de voto útil contra Ciro Gomes e Simone Tebet. Diante da crescente impossibilidade de haver apenas um turno nas eleições, petistas inconformados – com o crescimento da chamada terceira via - estão difundindo que ambos (Simone e Ciro) são bolsonaristas disfarçados. O problema é que tem gente que se esquece que estamos numa democracia  e que a decisão do eleitor – seja qual for – é legítima em qualquer circunstância. O PT está errando de novo.


*Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.