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Marquinhos contra todos

 




Dante Filho 

Se a pré-candidatura de Marquinhos Trad ao governo do Estado fosse consistente ele poderia  estar mais bem posicionado nas pesquisas. Ontem saiu nova rodada da Ranking Brasil e o que se vê é  que ele, apesar de ganhar a dianteira e estar na frente, não consegue ultrapassar o teto de 20% nas preferência. Duas pesquisas recentes, de dois outros institutos,  mostram quadro semelhante.

O mesmo acontece com André, mas por outros motivos, pois sua rejeição ainda é muito alta. Acredito que se sua equipe fizer um estudo profundo de suas dificuldades vai certamente encontrar uma forma de suavizar esse desgaste. Não há dúvida de que Puccinelli é o mais experiente dos candidatos, tem amplo conhecimento da realidade estadual, mas precisa superar obstáculos criados pelo golpismo do judiciário.

Esse lenga-lenga das pesquisas vem desde o mês de  abril. Ninguém decola. Riedel deu alguns saltos, embora não tenha sido suficiente para assustar. Ele precisa de tempo.

Trad até o momento tem feito a campanha mais agressiva e mentirosa da história política de  Mato Grosso do Sul. Vem desrespeitando todas as normas de conduta geralmente encenadas  pelos pretensos incumbentes nesta fase de aquecimento eleitoral, na qual a regra geralmente é de paz  e amor. 

Marquinhos age como um miquinho alucinado numa loja de louças. Traiu a recente história de  cordialidade que vinha mantendo com o governador Azambuja, e os ex-governadores André  Puccinelli e Zeca do PT. Pelo visto não aprendeu nada com o saudoso Nelson Trad, pois prudência, moderação e equilíbrio são lições importantes na vida.

Por onde passa, Marquinhos acusa, detrata e insinua. Autoproclama-se o esteio moral da sociedade sul mato-grossense, batendo e desferindo golpes pesados contra tudo e todos. 

Diante disso, a reação começou por Azambuja e, conforme se prevê, seguirá pelos demais nos  próximos dias. Todos ficarão contra ele. Se espera disputar o segundo turno, está fazendo tudo errado

O governador foi à mídia outro dia e bateu no mesmo tom: chamou Marquinhos de incompetente e  péssimo gestor. “Campo Grande vive o caos”, desferiu, lembrando das obras executadas em  parceria com a prefeitura e enfatizando que o prefeito não conseguiu, sozinho, concluir a  reforma de um simples terminal rodoviário. Aproveitou para conceder generosamente recursos para a prefeita Adriane Lopes para resolver o problema do transporte coletivo. Será que ela sabe o que é gratidão? Veremos.

Na passagem de Bolsonaro por Campo Grande, na semana passada, Marquinhos exagerou na  dose. Enquanto o Presidente fazia um discurso para militantes para engrenar o eixo de seu apoio político no Estado,  Marquinhos contratou uma pequena claque, invadiu a cena sem ser convidado, para gritar seu nome na inauguração do  residencial Canguru e gravou, paralelamente, um vídeo em Dourados, dizendo que estava ouvindo  o clamor do povo naquele momento.  

Detalhe: a distância entre os dois municípios tem cerca de 400 km.  Uma alma irônica comentou: ele deve ter um ouvido do tamanho de seu nariz. 

Neste caso específico, Puccinelli mostrou-se um político de boa estirpe. Ficou distante do borburinho, respeitando o espaço dos adversários, mesmo porque não é de bom tom participar de festa em que não se foi convidado. Assistiu tudo de camarote e não emitiu opinião. Um profissional do ramo.

Assim, o começo de julho foi quente. Puccinelli lembrou, em entrevista ao jornal O Estado de Mato Grosso do Sul, que Marquinhos  só contou até hoje uma verdade: que ia renunciar ao cargo de prefeito – e renunciou. O marido da  prefeita, deputado Lídio Lopes, confessou que essa a renúncia era um acordo político que aconteceu em 2016. Assim, muita gente se sentindo idiota, perguntou: então aquele sai-não-sai era  tudo encenação? Sim, era. 

Marquinhos está transformando a atual campanha num programa do Ratinho, no qual ele faz o  personagem Marquito, aquele palhaço, lembram?, que depois foi eleito deputado. Tudo o que ele diz não é para ser levado a  sério. É apenas show para entreter. 

Enquanto isso, os demais candidatos toleram este relicário de bobagens esperando a  verdadeira campanha que começa depois das convenções partidárias, em agosto. Espera-se propostas e programas de governo.

Enquanto isso, temos diversão garantida. Mas uma diversão cara. Marquinhos tem 9 mil cabos eleitorais nas ruas pendurados no caixa da prefeitura.

 A cidade vai se esboroando,  com as contas em frangalhos, com os serviços de saúde e educação no limite, e tudo seguindo  como se fosse nada, já que estamos em festa com dancinha e alegria do palhaço.


*Artigo publicado originalmente no Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul