Dante Filho
Meus queridos e queridas colegas, aviso logo de cara: não sou filiado ao Sindicato.
No passado, ajudei a recriar a entidade, figurei como Vice-Presidente, depois fiquei desapontado com o fato de que nos transformamos num aparelho do PT.
Tive alguns dissabores e incompreensões, algumas culpas por atitudes erráticas, e assim achei melhor me afastar e esquecer o assunto.
O tempo passou e as mágoas passaram. Sempre exerci minha profissão com honestidade e correção. Pra quem não sabe, o jornalismo é a profissão mais incompreendida do mundo.
Vivendo disso, não se faz verdadeiros amigos dentro ou fora da atividade. A não ser que você anule seu senso crítico e transforme o jornalismo num exercício permanente de adulação do poder. Aí você se dará bem, poderá até ganhar dinheiro, mas perderá o respeito consigo mesmo.
Cada um escolhe o que lhe for conveniente. Somos livres para fazer nossas escolhas. Fiz a minha e não me arrependo. Hoje perdi a esperança. Já tivemos mais glamour, fomos mais românticos, às vezes éramos admirados, noutras odiados e temidos, mas sempre respeitados.
Agora isso acabou. Viramos lixo. Quando me perguntam minha profissão e respondo, percebo os olhares desconfiados e sinto o desprezo que sentem por nós.
Minha última decepção com o sindicato aconteceu em novembro de 2016. Tive um embate com as jornalistas Lucimar Lescano e Marta Ferreira (à época Presidente da entidade) sobre uma postagem que fiz no blog sobre o comportamento duvidoso de Lescano durante a campanha eleitoral para prefeito de Campo Grande.
Inadvertidamente, afirmei que a apresentadora às vezes se comportava como uma “boneca de plástico”, tentando associá-la àqueles birutas que ficavam em frente às lojas, movimentando-se conforme a direção do vento.
De cara, a referência que utilizei ganhou conotação sexual e passei a ser malhado nas redes sociais enfrentando um monumental processo de cancelamento.
Passados 6 anos, meus contatos com essas profissionais tornaram-se amistosos. Sou amigo de Instagran de Lucimar (curto todas as suas postagens) e acompanho com admiração trabalho de Marta.
Inclusive, tempos atrás, fui convidado para proferir palestra na sociedade psicanalítica, numa mesa sobre as mulheres e o jornalismo, e não tive dúvidas: liguei para Marta, pedi para que ela me substituísse, pois a considerava mais credenciada do que eu para falar sobre o assunto.
Vivemos tempos de delicadeza. Nossa refrega lá atrás não deixou ressentimento. Felizmente.
Na época, a Presidência do Sindicato publicou uma carta aberta contra mim criticando minha postura no caso da acusação que fiz a Lescano. Fui chamado de “misógino”, colocado no campo do machismo oblongo, atacado nas redes sociais por muita gente, da pior forma possível.