André pode reverter o quadro e Riedel seguir rumo ao segundo turno
******Dante Filho
Saiu esta semana uma nova rodada de pesquisas (IBP e Novo Ibrape) sobre as preferências dos eleitores para o governo de Mato Grosso do Sul. Não vou me preocupar com citação de números. Os 4 principais nomes ( André, Marquinhos, Riedel e Rose) estão tecnicamente empatados na casa dos 20% (com variações pontuais, diferenciando-se nas taxas de conhecimento e rejeição).
Esse quadro tem longa duração. Desde os levantamentos feitos em abril passado tanto Puccinelli quanto Marquinhos estão congelados. Não saem do lugar. Parece que estagnaram no teto. Rose e Riedel movimentaram-se. Ela, em leve queda, ele, em forte elevação.
Triturando estes números é possível tirar algumas conclusões. A primeira é de que o eleitor ainda não colocou as eleições locais no plano das preocupações primeiras de sua vida. É provável que a polarização afetiva das eleições nacionais venha chamando mais atenção pelo fato de que é mais definidora em relação aos temas de interesse, tais como preço dos combustíveis e da comida na mesa.
No plano estadual, fica claro que o marketing utilizado até agora por Puccinelli e Marquinhos não funcionam. São ruins, descolados da realidade, fora do tom. Estão gastando dinheiro à toa.
No caso de Rose pode-se dizer o mesmo. Ela tem batido na tecla de que vivemos num Estado rico, mas pouco ou nada distributivo. Ela defende que a geração de riquezas (agronegócio e serviços) injete grana no bolso da população, via aumento de renda.
Como ela pretende fazer isso, ou seja, atender as demandas sociais da pobreza e promover o incremento da infra-estrutura ao mesmo tempo ela não explica, ou não sabe, sei lá...
Riedel está crescendo porque a gestão tucana está dando certo. Por mais que Azambuja esteja devendo explicações morais à sociedade, em função de escândalos de corrupção que até agora não foram solucionados via judicial, o fato concreto é um só: é palpável que a gestão do Estado entrou no caminho responsável do ajuste fiscal e está colhendo bons resultados.
A vantagem de Reinaldo é que ele percebeu a tempo que o populismo não funciona e que a sociedade prefere ter uma vida segura, com perspectiva, do que promessas ocas e mentirosas.
Considere-se também que o Governo Bolsonaro aumentou durante a pandemia os fluxos de capital para a federação, recorrendo ao (duvidoso) modelo de incremento de emendas parlamentares e orçamento secreto, resultando num aporte de mais de R$ 40 bilhões nos últimos dois anos para o MS. Ou seja: o governo tucano fez caixa e gastou de forma correta.
Marquinhos Trad, na prefeitura da Capital, fez o caminho inverso. Não apostou no ajuste fiscal, negligenciou dados elementares das contas públicas, e hostilizou bestialmente a relação receita versus despesa, deixando a prefeitura num momento inadequado para uma vice-prefeita abilolada, completamente despreparada para a função. Resultado: caos.
Todo esse combo talvez explique a paralisia de Trad nas pesquisas. Seu carro atolou. Vai ser difícil tirá-lo do buraco.
Puccinelli, por sua vez, precisa repensar seu modelo de apresentação pública. Ele pensa que a mídia e o modelo de campanha são os mesmos dos anos 90. Não adianta fazer brincadeirinha no tik-tok. Ele precisa potencializar aquilo em que ele é o melhor: projetos arrojados, idéias que ressignifiquem o Estado, austeridade executiva.
A bandeira da gestão e do empreendedorismo ( que foi de André) já está nas mãos de Riedel. Ele não vai soltá-la. André tem que reconstruir seu personagem e renová-lo. Conseguirá? Não sei. O que percebo no momento é que está fácil dar um chega pra lá em Marquinhos e olhar na direção de uma disputa de alto nível no segundo turno.