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Dilemas dos pré-candidatos de MS

Rose Modesto



Dante Filho *****

 A mídia sul-mato-grossense tem apontado quatro pré-candidatos com viabilidade ao governo do Estado no próximo ano. 

São eles: André Puccinelli, Rose Modesto, Marquinhos Trad e Eduardo Riedel. Todos - com exceção do candidato governista - apresentam condicionantes complicadoras para viabilizar suas respectivas pretensões. 

Por enquanto, os falados candidatos apenas "brincam" de esconde-esconde, ora negando ora afirmando, mesmo porque tem sempre um promotor ou juiz para enxergar "campanha antecipada" em qualquer buraco de toco espalhado por aí.

Os nomes postos cuidam de tratar o assunto como mera manifestação de vontade lateral, porque na segunda parte da resposta vem sempre uma conjunção ou advérbio para esclarecer a frase anterior. 

Tudo falsidade. Eles sonham com as candidaturas sem poder dizê-las.

Puccinell, como se sabe, é um fingidor, que a cada hora fala uma coisa. 

Rose afirma que aguarda as definições partidárias no fim do ano. Marquinhos diz que está refletindo e orando. 

Apenas Eduardo Riedel tem assegurada uma vaga na disputa, não pela sua própria voz, mas pela declarações do PSDB. É o único que assume a condição porque tem consenso partidário e tem um jogo pra jogar.



Eduardo Riedel

Esse elenco de "não-candidatos" (que tenta fazer parte da ala de frente da Escola Vai-Não-Vai) distrai a imprensa e o pú
blico interessado. 

O povão está por enquanto com os olhos voltados para a carestia e a falta de dinheiro.

 Assim é o Brasil. O que se percebe, contudo, é que os quatro candidatos de maior visibilidade no ambiente de disputa tem alguns dilemas a enfrentar nos próximos meses.

O dilema mais evidente é o do prefeito Marquinhos Trad. 

Pergunta-se: ele deixará o mandato de prefeito para correr o risco de uma candidatura ao Governo que pode não dar certo? 

Ele foi lançado pela direção nacional de seu partido, o PSD, pelas mãos de Gilberto Kassab, o que significa, na linguagem cifrada da política, que poderá contar com recursos do fundo partidário e apoio logístico de parte do poderoso lobbie paulista, que tem grandes interesses econômicos em Mato Grosso do Sul.

Mesmo assim, há muita especulação de que se trata de uma articulação que visa apenas demarcar espaço para que, na hora H, seja lançado o senador Nelsinho Trad, seu irmão. 

Verdade ou não, o prefeito terá nas mãos uma decisão difícil. Imagina-se que, no final, qualquer decisão que seja tomada deverá ficar restrita ao âmbito familiar, com participação predominante da primeira-dama, Tatiana Trad. 

A esposa do prefeito, nesse caso, é voz essencial. Sua atuação é discreta, quase silenciosa, mas ela é inteligente e arguta, tem sacadas espertas, talvez seja a única pessoa que Marquinhos ouça e se aconselhe politicamente. Se ela não concordar com esse salto no escuro do prefeito, podem esquecer, ele não dará. 

 

André Puccinelli

O dilema de Puccinelli é de outra ordem. A experiência acumulada demonstra que toda a vez que ele avança para consolidar seu nome na praça - já que é o preferido nas pesquisas, embora com taxa de rejeição elevada - a justiça também se move, e, assim, ele é surpreendido com decisões inesperadas.  

Percebe-se uma constante ameaça por parte do judiciário caso André decida viabilizar seu projeto. 

A espada de Dâmocles que lhe aflige impede que ele ultrapasse a linha vermelha estabelecida pelo  establishment da República de Maracaju. Neste aspecto, a petulância pode transformar sua vida no judiciário num inferno. 

É fato que, dentre todos os candidatos, Puccinelli o único que representa uma ruptura com o Governo do PSDB. 

Os outros representam a continuidade em maior ou menor grau. Se André chegar a ser o próximo governador, Azambuja ficará por muito tempo isolado politicamente, sem muito espaço de manobra, a não ser que seja candidato ao parlamento  e consiga um mandato. 

Só que isso não abranda seus processos criminais, que, em algum momento, terá seu desfecho.

O drama Hamletiano de Riedel não gira em torno da decisão em ser ou não candidato. Seu propósito é consolidar seu nome e fazer com que pouco a pouco suba nas pesquisas.

Há descrença de que isso possa vir a acontecer, mas ao mesmo tempo há reconhecimento de que, tecnicamente, ele seja o melhor nome dessa rodada para ser governador do Estado. Ele ter o perfil adequado para o momento histórico apropriado. Ele tem as elites, falta agora as camadas populares. 

 Seu problema, porém, é meramente eleitoral, não é estratégico. Parcela ponderável do eleitorado quer ver Reinaldo Azambuja & Seus Capitães do Mato pelas costas. Há o temor de que Riedel eleito a máquina pública continue nas mãos de Azamba. 

A pergunta que se faz é: até que ponto Riedel deixaria claro de que ele, caso seja eleito, altere profundamente a equipe e a burocracia para que o governo ficasse parecido com a sua cara.

A questão é complicada. Ela se repete e se intensifica, em determinadas camadas, para a candidatura Rose Modesto e, talvez, de maneira lateral, para a de Marquinhos Trad. 

Até que ponto a República de Maracaju incrustou-se no aparato do Estado, com seus vícios e métodos, para continuar mantendo os mecanismos de saques dos cofres públicos intocáveis, sejam quais forem os mandatários?

Marquinhos Trad

Rose tem dito que vem se afastando do PSDB e que ingressará em outra legenda para formar seu grupo político. Mas a pergunta que circula nos meios políticos é bem cavilosa: em qualquer partido em que a Morena Mais Bonita ingresse, dificilmente ela terá o controle de sua burocracia. Vai daí que, para ela ser ofertada no mercado será um passo. 

Quanto valerá a cabeça de Rose para tê-la fora do jogo? Certamente, alguém estará disposto a pagar, pois é melhor uma disputa de três do que de quatro (se é que me entendem).

Enfim, o processo político ainda está em curso. Os jogadores estão na mesa. Uns blefando, outros com boas cartas, e há também aqueles que não se importam com nomes e projetos e, sim, com o vil metal a ser amealhado nas inúmeras rodas nos próximos meses. 

Voltaremos ao assunto.