Rose Modesto
A mídia sul-mato-grossense tem apontado quatro pré-candidatos com viabilidade ao governo do Estado no próximo ano.
São eles: André Puccinelli, Rose Modesto, Marquinhos Trad e Eduardo Riedel. Todos - com exceção do candidato governista - apresentam condicionantes complicadoras para viabilizar suas respectivas pretensões.
Por enquanto, os falados candidatos apenas "brincam" de esconde-esconde, ora negando ora afirmando, mesmo porque tem sempre um promotor ou juiz para enxergar "campanha antecipada" em qualquer buraco de toco espalhado por aí.
Os nomes postos cuidam de tratar o assunto como mera manifestação de vontade lateral, porque na segunda parte da resposta vem sempre uma conjunção ou advérbio para esclarecer a frase anterior.
Tudo falsidade. Eles sonham com as candidaturas sem poder dizê-las.
Puccinell, como se sabe, é um fingidor, que a cada hora fala uma coisa.
Rose afirma que aguarda as definições partidárias no fim do ano. Marquinhos diz que está refletindo e orando.
Apenas Eduardo Riedel tem assegurada uma vaga na disputa, não pela sua própria voz, mas pela declarações do PSDB. É o único que assume a condição porque tem consenso partidário e tem um jogo pra jogar.
O dilema de Puccinelli é de outra ordem. A experiência acumulada demonstra que toda a vez que ele avança para consolidar seu nome na praça - já que é o preferido nas pesquisas, embora com taxa de rejeição elevada - a justiça também se move, e, assim, ele é surpreendido com decisões inesperadas.
Percebe-se uma constante ameaça por parte do judiciário caso André decida viabilizar seu projeto.
A espada de Dâmocles que lhe aflige impede que ele ultrapasse a linha vermelha estabelecida pelo establishment da República de Maracaju. Neste aspecto, a petulância pode transformar sua vida no judiciário num inferno.
É fato que, dentre todos os candidatos, Puccinelli o único que representa uma ruptura com o Governo do PSDB.
Os outros representam a continuidade em maior ou menor grau. Se André chegar a ser o próximo governador, Azambuja ficará por muito tempo isolado politicamente, sem muito espaço de manobra, a não ser que seja candidato ao parlamento e consiga um mandato.
Só que isso não abranda seus processos criminais, que, em algum momento, terá seu desfecho.
O drama Hamletiano de Riedel não gira em torno da decisão em ser ou não candidato. Seu propósito é consolidar seu nome e fazer com que pouco a pouco suba nas pesquisas.
Há descrença de que isso possa vir a acontecer, mas ao mesmo tempo há reconhecimento de que, tecnicamente, ele seja o melhor nome dessa rodada para ser governador do Estado. Ele ter o perfil adequado para o momento histórico apropriado. Ele tem as elites, falta agora as camadas populares.
Seu problema, porém, é meramente eleitoral, não é estratégico. Parcela ponderável do eleitorado quer ver Reinaldo Azambuja & Seus Capitães do Mato pelas costas. Há o temor de que Riedel eleito a máquina pública continue nas mãos de Azamba.
A pergunta que se faz é: até que ponto Riedel deixaria claro de que ele, caso seja eleito, altere profundamente a equipe e a burocracia para que o governo ficasse parecido com a sua cara.
A questão é complicada. Ela se repete e se intensifica, em determinadas camadas, para a candidatura Rose Modesto e, talvez, de maneira lateral, para a de Marquinhos Trad.
Até que ponto a República de Maracaju incrustou-se no aparato do Estado, com seus vícios e métodos, para continuar mantendo os mecanismos de saques dos cofres públicos intocáveis, sejam quais forem os mandatários?
Marquinhos Trad
Rose tem dito que vem se afastando do PSDB e que ingressará em outra legenda para formar seu grupo político. Mas a pergunta que circula nos meios políticos é bem cavilosa: em qualquer partido em que a Morena Mais Bonita ingresse, dificilmente ela terá o controle de sua burocracia. Vai daí que, para ela ser ofertada no mercado será um passo.
Quanto valerá a cabeça de Rose para tê-la fora do jogo? Certamente, alguém estará disposto a pagar, pois é melhor uma disputa de três do que de quatro (se é que me entendem).
Enfim, o processo político ainda está em curso. Os jogadores estão na mesa. Uns blefando, outros com boas cartas, e há também aqueles que não se importam com nomes e projetos e, sim, com o vil metal a ser amealhado nas inúmeras rodas nos próximos meses.
Voltaremos ao assunto.