Pages

Invisível, um poema




Tornou-se invisível num dia de sol
Calhou de não estar em lugar nenhum
Permanecendo ausente dos acontecimentos
sem ser percebido,
oculto no porvir.
Assim, se foi esquecendo
Cortando bitucas ao meio
nas brechas do instante
embrenhado nas lacerações do tempo
seguindo em direção
do estou indo embora para nunca mais voltar...
Passou a viver para sempre em sua ausência
que substantivava a permanência 
e a  leveza do vento...
estava no presente 
no passado
no futuro fugaz
Longe do alcance das mãos,
Inacessível ao olhar
No ponto exato do som 
(Que se abria no intervalo do silêncio)
De cada palavra dita,
No estalar das frases,
pela língua que se encerra: maldita.
Ficou assim, não sei quando e como.
Deu de caminhar pelas bordas
Habitando sarjetas,
Revirando livrarias
Esgueirando pelos becos
Perdido nos labirintos do acaso
Nas sombras do medo
Fazendo da solidão um lugar de paz.
Sendo assim: invisível – nada - zero
Trucidando palavras 
farrapo indigesto
Um corpo feito na direção contrária do olhar
Uma ideia sem importância,
Um ponto inútil perdido
Na escuridão do dia.
(sai pra lá, sujeito nojento)