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Lula: o grande líder mundial



Lula acorda cedo. Está em seu apartamento em São Bernardo. Vai até a sacada para ver o sol nascer. Em seguida, mesa posta, toma um belo café da manhã. O telefone toca. É Paulo Okamoto. Lula balbucia alguma coisa e diz que tomará um banho e que dentro de meia hora estará pronto para a viagem. 

Lula toma o elevador e desce até a garagem. Sete seguranças o esperam. Ele entra numa SUV preta e manda seguir para o aeroporto internacional de Cumbica. Está perfumado e veste um elegante Armani.

Vai direto para a sala vip. Oito assessores o esperam. Lula pede a agenda de palestras. A primeira será em Paris. Falará para um público de militantes e empresários ligados ao Partido Socialista Francês. 

São três os temas de sua fala: Bolsonaro, Macron e a fome no mundo. Depois, almoçará num bairro da periferia da Capital Francesa e à noite baterá um papo com Sarkozy, Carla Bruni, Hollande e alguns artistas europeus num restaurante chic próximo à Champs-Élysées. 

Depois de três dias passeando na França, Lula seguirá para Londres. Repetirá a dose, deixando Macron de lado e analisando, do alto de sua imensa sagacidade política, o Brexit e a crise mundial. Deitará falação contra a extrema-direita e o crescimento do fenômeno da xenofobia. Deverá conversar também com Toni Blair. 

Enquanto estuda a agenda, comenta que está aguardando a confirmação de um encontro rápido com a Rainha Elisabeth, no Palácio de Buckingham, onde fará o beija mão para fotos, pois sabe que é importante a imagem de um ex-líder operário cortejando a aristocracia. Ninguém é de ferro. 

Depois, nos dois dias seguintes, ficará liberado para passeios e farra. 

Claro que tanto em Paris como em Londres dará entrevistas com declarações fortes para repercutir no Brasil, pois brasileiro adora que seus líderes pontifiquem para o mundo. 

Terminada a tournée européia, Lula terá agenda em Nova York. Falará para o público do partido Democrata. Tema da palestra: Bolsonaro, Trump e Nicolás Maduro. Vai se encontrar com Obama. Já calcula o impacto de suas declarações quando propor ser intermediário de uma negociação de paz entre EUA e Venezuela. 

Ganhar o prêmio Nobel da Paz não é fácil, pensa rindo para si mesmo.

Gostaria de se hospedar no Waldorf Astoria, mas fica sabendo que está fechado para reforma. Ficará então numa suíte do Pierre. 

Lula desenha toda a viagem na cabeça e já se vê jantando no Franchette. Jorge Soros o acompanhará e avisou que levará uma garrafa de Château Lafite, safra 1937. Lula brinca que prefere o da safra 1933, “mas é melhor não contrariar o cara”, brinca. 

Depois seguirá para o Grand Havana Room. Fumará charutos cubanos e tomará conhaque cuja garrafa custa US$ 17 mil. Tudo pago pelos patrocinadores. 

Lula se imagina dando baforadas e conversando com amigos. Joga tufos de fumaça aureolada para o alto, que, aos poucos, perfazem o desenho de uma serpente e, assim, se transforma numa névoa densa que sobe, sobe e toma conta da sala criando um clima de filme de terror.

De supetão, Lula acorda agitado. São quatro horas da madrugada. Ele acende a luzinha do abajur e percebe aos poucos que estava tendo um sonho cinematográfico. Olha sua pequena cela da PF de Curitiba. Suspira. Balança a cabeça e tartamudeia: “esse f.d.p do Moro cortou meu barato!”.